segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Procurador-geral de Justiça faz declaração sobre o óbvio; fato é que, até agora, ninguém depôs sobre dinheiro



Na Folha: “O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse a jornalistas na tarde desta segunda-feira (14) que o Ministério Público pode oferecer denúncia contra envolvidos no caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) com movimentações financeiras atípicas, mesmo sem a realização de oitivas.”

Bem, como escreveu Gregório de Matos num poema, “valha-nos Deus o que custa;/ o que El-Rei nos dá de graça”… Ou por outra: aquilo que é próprio do regime legal que nos comanda não precisa ser anunciando como se fosse um sinal de rigor técnico ou de cumprimento da ordem. Ora, é claro que sim! Nem é preciso que o procurador-geral o anuncie para que se tenha a impressão de que está acontecendo alguma coisa. E, convenham, até agora, a coisa não saiu da estaca zero.

Queiroz está doente? Não há motivos para desconfiar disso ou para pôr em dúvida a gravidade do caso, mas o fato só nos diz que o Ministério Público deve acelerar o seu trabalho, sem perda da qualidade na investigação. Que estamos diante de um notável espetáculo de procrastinação e de conversa mole, bem, disso ninguém dúvida, convenham.

O ex-assessor de Bolsonaro até agora não depôs. Pouco me importa se ele aparece num vídeo a dançar num quarto do hospital Albert Einstein no dia 31 de dezembro (vídeo acima). Dançar faz bem. Sinal de que tem ao menos um bom plano de saúde ou recursos para pagar um tratamento de qualidade. O problema é que nenhum funcionário do antigo gabinete de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), agora já senador, foi ouvido. O próprio se nega a tratar do assunto sob a justificativa de que não é investigado. Antes de se tornar um doente oficial, Queiroz concedeu uma entrevista e afirmou ter movimentado aquela dinheirama toda atuando no ramo de carros usados. E deu uma declaração que o qualificava, na verdade, para atuar em parceria com Paulo Guedes. Disse que sabe “fazer dinheiro”.

Então tá bom.

Por Reinaldo Azevedo

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