quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Corra, Maduro, corra: este é o conselho de mentor de Chávez


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro

Sociólogo alemão que inventou o “socialismo do século 21” faz uma análise demolidora do que está acontecendo na Venezuela

Existem correntes de esquerda que não conseguem praticar o desapego em relação a Nicolás Maduro, considerando-o o legítimo herdeiro de Hugo Chávez, mesmo com o país em escombros e o tique-taque cada vez mais alto.

O sociólogo alemão Heinz Dieterich não se permite ilusões perdidas. Teórico de esquerda, o inventor do conceito de “socialismo do século 21”, incorporado por Hugo Chávez, ele analisa com teutônica frieza a situação na Venezuela, antes e depois do madurismo.

Em artigos no site bolivariano de raiz Aporrea e numa entrevista à BBC Mundo, o sociólogo radicado no México faz muitas contribuições para o debate, caso ainda haja dúvidas sobre o futuro de Nicolás Maduro, que não tem comida para o povo faminto e, agora, com o bloqueio americano aos ingressos da venda de petróleo, não tem dinheiro real.

Vale a pena ouvir algumas delas, mesmo com os habituais vícios esquerdistas:

Ficou “completamente claro que Maduro não tem salvação porque Europa, Estados Unidos, Japão e os países importantes sul-americanos se uniram à agressão”.

É claro que Dieterich atribui tudo a um plano perverso de Donald Trump para conseguir uma “vitória barata” na política externa, num momento de muitas derrotas na política interna.

Quem sabe o conspiracionismo de esquerda, sempre focado em grandes complôs mundiais dos capitalistas perversos, desta vez não tem razão?

E os generais que reiteraram o apoio a Maduro desde o desafio sem precedentes de Juan Guaidó, ao se declarar presidente interino como chefe do Legislativo, diante da ilegitimidade da reeleição do grandalhão?

“Os generais venezuelanos sabem que têm que sacrificar” o presidente trapalhão, diz Dieterich. A anistia oferecida por Guaidó – e atribuída pelo sociólogo, talvez com algum motivo, a uma orientação direta do governo americana – foi uma manobra inteligente.

“Eles vão afastá-lo e dirão que, pela paz e pela refundação do país, precisa ir para o exílio. Se se recusar, será advertido que não podem garantir sua segurança. Então, ele vai tomar um avião e provavelmente ir para Cuba.”

Lendo as folhas de chá, ou de coca, sabe-se lá, Dieterich acredita que o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, “aceitou a oferta imperial de sacrificar Maduro em troca da impunidade para eles”.

Como assim? Quando disse que as Forças Armadas respeitam “o estado de direito, a democracia e os direitos humanos” e que continuarão “trabalhando em defesa da soberania nacional”, Padrino, na interpretação de de Dieterich, “mandou duas mensagens adicionais à Casa Branca: não vamos matar por Maduro e não tentem invadir o país porque iríamos à guerra”.

Mas espere: Maduro não fez a rota dos quartéis e até passeou de tanque, com a “primeira-combatente”, Cília Flores, e o próprio Vladimir Padrino?

Dieterich não viu graça nenhuma. “Enquanto Maduro, em sua mente infantil-positivista, brinca de guerra na torreta de um tanque”, advertiu ele, Diosdado Cabello “está negociando a fase pós-Maduro com os fantoches de Washington e os militares”.

O alemão não gosta de Cabello, considerando-o, incrivelmente, “um intrigante anticomunista de direita”.

Haja intriga nisso. Como nem um realista deixa de ter seus momentos de ilusão, Dieterich defende a substituição dos atuais comandantes por “uma direção militar coletiva, formada pelos generais da resistência democrática e bolivariana”.

E, para as inevitáveis eleições do pós-madurismo, propõe o nome de Rafael Ramírez. Ministro do Petróleo e presidente da PDVSA durante a maior parte do período chavista, ele rompeu com Maduro e se exilou na Espanha.

Tem uns probleminhas de corrupção aqui e ali. Mas o sociólogo acha que “seria o único candidato de união progressista e patriótica disponível, e com a experiência nacional e internacional necessária”.

Talvez, quem sabe, até o próprio Dieterich, voltasse a ter alguma influência na Venezuela?

Atenção, Chávez rompeu com ele em 2005, depois de não ser considerado suficientemente socialista por ter escolhido a mesma estratégia da Alemanha do pós-guerra, a economia social de mercado.

Pois é, Dieterich compara o caudilho que lançou as bases nefastas que viriam a jogar a Venezuela na atual devastação aos austeros responsáveis pelo milagre alemão.

Como o alemão sai da Alemanha, mas a Alemanha não sai do alemão, Dieterich vai mais longe ainda e compara a “camarilha” formada por Maduro, Cabelo e o general Padrino “a Hitler na Batalha de Berlim, depois do início da ofensiva final soviética”.

Fora o absurdo da comparação, não deixa de ter sua graça a crítica do sociólogo aos “grandes movimentos salvadores com exércitos fantasmas, investimentos fantasmas e moedas fantasmas” – uma definição precisa das absurdas estratégias de Maduro.

Ideias algo delirantes são previsíveis em quem tem muita coisa na cabeça e nenhum poder nas mãos.

Heinz Dieterich pode ter sido contaminado pelo vírus do delírio latino-americano e está, como toda a esquerda, arrasado com os “sátrapas Macri, Duque e Bolsonaro”.

Mas está também muitos milhares de quilômetros adiante dos que defendem Nicolás Maduro como se fosse a última bolacha no pacote da esquerda latino-americana.

Na Veja.com

Um comentário:

AHT disse...

Sabendo-se que o cidadão argentino Bergoglio é um socialista, o ditador Maduro para justificar crimes e manter o povo venezuelano sob suas botas, não dá a mínima aos bons e calados cristãos, e blasfema ao dizer que está a serviço de Cristo. Maduro sabe que Bergoghio entenderá e contribuirá para "la causa bolivariana, víctima de fake news y questiúnculas terrenas creadas por el imperialismo yankee".

Em campanha para permanência no poder, Maduro compôs esse jingle especialmente para Bergoglio,

Chiquito, Chiquito, Chiquito mio
Pedazo de cielo que el pueblo me dió
Te miro y te miro y al fin bendigo
Bendigo la suerte de ser tu primor


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PS:

Acróstico: CHIQUITO

Caracas das manifestações pró e contra o Maduro,
Homem diabólico, ditador apoiado por “progressistas”.
Inacreditável, mas a realidade desde tempos imemoriais:
Quando miséria, injustiças e baixa estima recrudescem,
Um aparente líder “com potencial para salvar a pátria”
Insufla o povo contra a Ordem e prometendo um futuro digno.
Torpor, seguido de desespero, punindo e paralisando a nação:
O novo “salvador da pátria” é um psicopata incurável.