sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Alguém que torça contra os Bolsonaros deve torcer também para Marco Aurélio fazer o que pede Flávio



Alguém que torce para os Bolsonaros quebrarem a cara com mais celeridade deve torcer também para que o ministro Marco Aurélio faça o que pediu a defesa de Flávio, vale dizer: diga que o foro para o caso Fabrício Queiroz é mesmo o STF, o que implicaria duas coisas:
1: isso só poderia ser feito porque o suposto foro especial do senador diplomado levaria o caso para a instância superior, o que só pode acontecer se ele for investigado;
2: obriga a Procuradoria-Geral da República a fazer o que já deveria ter feito: entrar no caso. E ela tem a obrigação, parece-me. Ou então se diga por que não.

Marco Aurélio, relator da Reclamação com a qual Flávio ingressou no STF, deu sinais de que vai negar o pedido e destravar a investigação, que continuará no Ministério Público Estadual, do Rio.

É o melhor cenário para os Bolsonaros. Não que que Marco Aurélio vá fazê-lo para ajudar a turma. Mas porque é a lei. Afirmou o ministro:
“(A decisão) Sai dia 1º de fevereiro, com toda a certeza. O que eu tenho feito com reclamações semelhantes, as que eu enfrentei, eu neguei o seguimento (rejeitou o processo), porque o investigado não teria a prerrogativa de ser julgado pelo STF. Não haveria usurpação (da competência do STF). O processo não tem capa, tem conteúdo. Não se pode dar uma na ferradura, e outra no cravo. Ou seja: o procedimento tem de ser único. A lei vale para todos, indistintamente. Isso é República, é democracia”.

Até agora, ninguém entendeu a decisão da defesa de Flávio. Simplesmente não faz sentido. E o que faz é contra o cliente.

Atenção! Nada disso muda o papel que deve ter a PGR no caso. Não há como, já agora, manter-se afastada da investigação.

Esse troço que os Bolsonaros não querem que seja investigado passou pelo gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, por intermédio da funcionária “Nathalia” — mais uma que servia Jair à distância. E Jair, agora, é presidente da República. Mais: parte do dinheiro da conta robusta de Fabrício Queiroz passou pela conta da agora primeira-dama, Michelle.

Nota adicional: as duas idas de Flávio ao Supremo, com a Reclamação e com o pedido de liminar, soaram como sinal de desespero.

Por Reinaldo Azevedo

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