quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Caso Coaf reanima ala fisiológica do Congresso


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Um pedaço da equipe de Jair Bolsonaro já receia que o derretimento da biografia do filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro, interfira na articulação para a aprovação no Congresso das reformas econômicas do governo recém-empossado, especialmente a da Previdência. O receio não é infundado. Parlamentares fisiológicos, que aguardavam na esquina pelos primeiros tropeços do capitão, começaram a esfregar as mãos. 

A deterioração do ambiente político já era esperada. O que surpreende é a velocidade do processo. A atmosfera começa a se degradar antes mesmo do início da nova Legislatura. Arma-se uma emboscada em dois atos. Num, espalha-se a ameaça de empurrar o filho do presidente, que assumirá o mandato de senador, para o Conselho de Ética ou até uma CPI. Noutro, acena-se com a montagem de um sistema de blindagem capaz de proteger o mandato de Flávio Bolsonaro. 

Simultaneamente, discute-se o encaminhamento das reformas. Os profissionais do fisiologismo não falam em rejeição das propostas do governo. Ao contrário. Todos se declaram a favor de reformas como da da Previdência. Difícil é achar dois congressistas que defendam o mesmo modelo de reforma. Quando se oferecerem para discutir a unificação das posições, os patriotas do Congresso levarão à mesa o preço dos seus votos. 

Bolsonaro elegeu-se prometendo destruir a lógica do toma-lá-dá-cá. Não contava com a desenvoltura do Coaf, o órgão que varejou as contas do primeiro-filho e do assessor Fabrício Queiroz. De passagem por Davos, na Suíça, o governador tucano de São Paulo, João Doria, combinou com o ministro Paulo Guedes, da Economia, a organização de uma cavalgada de 22 governadores pela Esplanada dos Ministérios. O pressuposto é o de que os governadores têm força para influir sobre deputados e senadores. O truque já foi tentado antes. Poucas vezes rendeu resultados. E quando rendeu, a conta ficou com o Tesouro Nacional.

Por Ricardo Noblat

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