sábado, 28 de setembro de 2013

O ATO E O FATO


Este mundo ainda tem jeito!

Escrevi alguns textos com este título e aqui estou novamente buscando despertar nos leitores os sentimentos de amor, paz e harmonia que devem reger nossas vidas.

A semana que passou me foi mesmo privilegiada em termos de emoção, pois mesmo reconhecendo que me comovo com facilidade, as cenas que presenciei não deixavam alternativas para que isto não se desse.

Na segunda feira por volta das 12,15 horas, ao passar pela Rua do Porto observei dois garotinhos entre 8 ou 9 anos, com mochilas às costas e de cócoras na calçada jogando 'bafinho', aquele joguinho de virar as figurinhas com as mãos, era uma cena singela, que muito me alegrou. Seguiu-me uma boa semana!

Na sexta feira estava meio ‘xoxinho’ almoçando na Padaria Senhor dos Pães, em São José dos Campos, e observei que chegou um rapaz com cerca de 25/28 anos e pediu para o garçom montar uma mesa em deck da padaria. 

Em seguida este rapaz chega empurrando uma cadeira de rodas com um jovem com mais ou menos 18 anos, porém, com muitas limitações pessoais, e ainda com uns ferimentos no rosto, e totalmente dependente daquele que o conduzia. A cena chamava a atenção.

O rapaz continuou com seus gestos em favor de seu amigo, colocando refrigerante em seu copo e o ajudava a tomar. Ele fez isto também com a comida. Fiquei muito absorvido com isto e os olhava de dentro da padaria.

Aquele que estava sendo apoiado ‘falava somente com os olhos’, e os dois viviam momentos que só a eles pertenciam, e se comunicavam só com olhares.

Além destes cuidados e dedicação, antes de iniciarem a alimentação o rapaz segurou nas mãos do jovem, e penso que tenham feito uma oração, embora o jovem estivesse alheio a tudo, pois em seguida o rapaz persignou-se, fazendo o mesmo Sinal da Cruz no auxiliado. Foram amáveis os gestos e não me contive.

Peguei meu cartão e escrevi: "Amigo não nos conhecemos, mas observando a cena que você e seu amigo compõem, me faz acreditar que este mundo ainda tem jeito. Abraços."

Ao sair fui até a mesa e sem uma única palavra toquei em seu ombro e lhe entreguei o cartão e fiquei em pé a seu lado por cerca de 10 ou 15 segundos, ele leu, levantou olhos marejados e sem nenhuma palavra voltou-se novamente para o jovem amigo. 

Foi um silêncio contundente, mas muito intensa nossa ‘conversa’, embora não tenhamos trocado uma só palavra.

Enquanto saia com o carro o rapaz de punho cerrado, mostrando uma força infinda, balançou os braços num sinal de vitória, de paz, de harmonia e que estava de bem consigo mesmo.

Esta situação me faz acreditar que este mundo ainda tenha jeito!



3 comentários:

M. Lúcia disse...

Quevela narração. Me comoveu.

M. Lúcia disse...

Que bela narração. Me comoveu.

Paulo L. disse...

Brasilino, mais uma vez parabéns, eis que neste mundo tão agressivo e onde as pessoas olham somente para o próprio umbigo, ver uma cena desta fez de você um privilegiado. Mas o importante é que você com sua sensibilidade trouxe isto para que dela também tirássemos proveito.