sábado, 28 de setembro de 2013

Lula lança candidatura de Padilha em São Paulo


Josias de Souza

Diante de uma lei eleitoral que proíbe menções a candidatos antes das convenções de junho de 2014, os políticos brasileiros se dividem em dois grupos: os abertamente cínicos e os que não conseguem se conter. Em ato organizado pelo PT em São Paulo, Lula encenou os dois papeis numa mesma frase.

“Quero dizer pra vocês, sem ter falado de eleição [cinismo], que nós precisamos eleger o Padilha para ele ajudar a Dilma [incapacidade de autocontenção]. Se ela tiver por trás o Padilha, o Mais Médicos e o Estado de São Paulo, vai ficar muito mais fácil a gente fazer muito mais pelo Brasil.”

Lula encaixou Padilha até nos raciocínios mais improváveis do seu discurso. A alturas tantas, elogiou Dilma pelas críticas que ela fez, do alto da tribuna da ONU, à espionagem dos EUA. E tascou o ministro da Saúde na sua oração subordinada eletiva.

“Nós precisamos eleger o Alexandre Padilha para ele ajudar a presidenta Dilma Rousseff a enfrentar essa situação.” Hã?!?!? “Se sozinha a presidenta já teve coragem de falar na ONU, com o Alexandre Padilha e com São Paulo vai ficar muito mais fácil para fazer muito mais pelo país.”

Pouca gente entendeu. Mas Lula decerto desobrigou-se de fazer sentido de propósito. Queria confundir o companheiro Barack Obama, que a tudo ouve e vê. A sua vez de manusear o microfone, Padilha disse não deixou de mencionar sua principal realização na pasta da saúde –talvez a única.

“O Mais Médicos é um primeiro passo para uma grande mudança que faremos neste país. E o passo mais corajoso que um presidente já deu.” O ministro-candidato talvez não tenha se dado conta de que o governo de sua chefa está a um ano e três meses do final. Considerando o tempo já decorrido, demorou para dar “o primeiro passo”.

Do lado de dentro, o mestre de cerimônias do ato do PT pediu uma salva de palmas para uma troica de condenados do mensalão: José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha. Do lado de fora, um grupo de manifestantes protestava contra a decisão do STF de rejulgar 12 sentenciados, retardando a prisão dos mensaleiros. Militantes petistas reagiram. E a coisa acabou em pancadaria.

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