quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ciro acusa Eduardo Campos de ‘acanalhar-se’


Josias de Souza


De saída do PSB, Ciro Gomes fez críticas ácidas à maneira como Eduardo Campos empina sua candidatura presidencial. Acha que ele “faz isso com a maior truculência e falta de respeito.” Sente falta de um “mínimo de dignidade.” Considera “tudo lamentável”. Bateu abaixo da linha da cintura: “Não precisava descambar para o acanalhamento definitivo. Ele deveria ter o mínimo de compostura.”

Ciro falou à repórter Luciana Lima. Tomado pelas palavras enfezadas, ainda traz 2010 atravessado na traqueia. Naquele ano, teve de abdicar de suas pretensões presidenciais para que o PSB apoiasse Dilma Rousseff. Agora, exibe na retórica algo muito parecido com uma fatura: “Eduardo Campos sabe que me deve em termos de correção moral, de decência. Eu ainda uso uma palavra antiga, démodé, que eu continuo valorizando: lealdade.”

Ex-deputado federal, ex-ministro e atual secretário de Saúde do Ceará, Ciro ateou fogo à própria retórica num instante em que o irmão Cid negocia com Eduardo Campos o desembarque pacífico do seu grupo político. Ficou combinado que o PSB não irá à Justiça para reivindicar os mandatos dos seus silvérios. Alheio a tudo isso, Ciro espeta o novo desafeto como se enfiasse agulhas num vudu.

Afirma que o projeto presidencial de Eduardo Campos é algo “absolutamente pessoal”. Insinua que não é só no Ceará que há narizes torcidos para a candidatura. “O PSB tem seis governadores. Qual deles vai dar palanque exclusivamente para Eduardo? Olha que constrangedora a pergunta!”.

Para Ciro, o irmão paga por suas virtudes. “Cid tem uma virtude extraordinária que, às vezes, vira defeito na política de hoje: a franqueza. Ele falou diretamente ao partido que não é oportuna a candidatura de Eduardo Campos, que antes ocupava 2º ou 3º lugar nas pesquisas. Agora que o partido participava de dois ministérios, com todos os privilégios inerentes a estar no governo, apresentar uma candidatura pra quê?”.

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