domingo, 15 de setembro de 2013

AO ATO E O FATO


Espetáculo Lua-Vênus e a finitude humana.

Esta semana vamos fugir das chatas questões críticas desta coluna semanal, e convidar o leitor a uma viagem, em uma análise sobre nossa a vida aqui na Terra.

Prende-se esta reflexão ao esplêndido fenômeno que pode ser observado na noite de domingo 8 de setembro, quando houve a conjunção entre a Lua e o Planeta Vênus, ficando os dois muito próximos, com uma luminosidade envolvente, chamativa, que demonstra a existência de um Ser Superior que vigila o Universo.

Existe um ditado suíço que diz: “Se o mundo é um relógio perfeito, por conseqüência tem que existir o relojoeiro”, o que é verdadeiro, pois não é possível se ver a beleza daquele momento sem crer na existência do Criador, que fez concessão àqueles que puderam e souberam observar, que estavam atentos a esta ocorrência, sintonizados com a natureza e consigo mesmo.

E mais nos envolveu, pois em complemento a estas reflexões, ainda veio a informação de que fenômenos como estes ocorrem a cada 100 anos, o que faz com que meditemos na pequenez que representa a vida aqui na Terra, sendo alimentados pela esperança de que esta longa passagem de tempo tenha servido de aprendizado aos que viram nos séculos passados, o de domingo e os vindouros, desta formosa apresentação da grandeza do Universo e a finitude da vida humana.

Realmente a ocorrência e informações a respeito foram muito interessantes ao avaliarmos a próxima vez em que se dará esta conjunção a 100 anos, quem de nós hoje viventes estaremos na Terra para poder ver novamente este espetáculo ? Será que alguém no distante ano de 2113 fará referências aos privilegiados que puderam ver este fato neste ano de 2013 ? Quais comentários serão feitos? 

Intriga-nos pensar que a próxima conjunção Lua-Planeta Vênus poderá ser vista, considerando os padrões atuais de estimativa de vida do ser humano, por pessoas que venham nascer daqui a cinco ou dez anos.

Desproporcional demais a grandeza do Universo e a pequenez, a fragilidade e finitude de nossas vidas, o que nos impõe, no entanto, estarmos sempre em paz conosco mesmos e com aqueles que nos rodeiam e em sintonia desprendida com o Criador, com amor divino, como criaturas de Deus, como do dizer de Santo Agostinho (in Confissões, Livro IV, capitulo 12), “já que assim nossas vidas escapam à finitude para entrar para esfera da eternidade.” 

Em 1611 John Donne escreveu, após tomar conhecimento dos princípios da revolução copernicana, os célebres versos:

“A nova filosofia torna tudo incerto

O elemento do fogo está completamente extinto

O sol se perdeu, e a terra; e ninguém hoje

Pode mais nos dizer onde encontrá-la (...)

Tudo está em pedaços, toda coerência desaparecida.

Nenhuma relação justa, nada se ajusta mais.”

Valemo-nos destes versos, comparando com a grandeza do momento-espetáculo que a conjunção Lua-Planeta Vênus nos deu neste setembro de 2013 para dizer que:

O espetáculo Lua-Vênus torna em nossas vidas tudo incerto.

Não nos é possível imaginar podermos tornar a vê-lo

Não poderemos vê-lo!

Mas o tendo visto nos dá uma certeza,

A de termos vivido um momento único.

O sol está a milhões de anos em seu único lugar.

E sempre a esquentar e iluminar

A Lua, como satélite, 

continuará em seus singelos movimentos,

de modo que possa ser vista ora cá e ora lá,

ora num e ora noutro quadrante da Terra

Preservará o brilho que não é dela,

Mas continuará a refletir sempre

a luz que lhe dá a majestade do Sol

Fazendo-nos imaginar por ‘seu brilho’

a mansidão que a natureza lhe dota

A Terra em seus movimentos é imutável.

Tudo no Universo é infinito e perene.

E nós? E nós!

O que faremos ante a desproporção da grandeza do Universo...

... a pequenez, a fragilidade e finitude da vida humana?

Diante destas indagações, do curto lapso de vida que passamos na Terra, em sabermos que o próximo encontro entre a Lua e o Planeta Vênus ocorrerá daqui a 100 anos, em 2113, que não o veremos, e sequer podemos ter esperança de ver, somente nos resta, como diz o filósofo contemporâneo Luc Ferry, in Aprender a Viver, devemos então “Esperar um pouco menos, amar um pouco mais.”

... e sermos felizes, muito felizes!

3 comentários:

Paulo L. disse...

Bom, muito bom. Parabéns Brasilino.

Anônimo disse...

Gn 1, 16

Deus fez os dois grandes luzeiros: o luzeiro maior para regular o dia, o luzeiro menor para regular a noite, e as estrelas.

Maria Lúcia disse...

Belíissimo texto, que vale uma profunda reflexão.