No fundo, no fundo a única coisa que realmente interessa à maioria dos congressistas num ano pré-eleitoral é o fundo de financiamento da próxima eleição. Ainda não se sabe de onde virá a verba para financiar o novo Bolsa Família que o governo promete criar até o final do ano. Entretanto, com a pandemia ainda a pino, o Tesouro em ruínas e quase 15 milhões de brasileiros no olho da rua, deputados e senadores decidiram triplicar o Bolsa Eleição. Saltou de R$ 1,8 bilhão para R$ 5,7 bilhões.
A cifra foi empurrada para dentro da LDO, Lei de Diretrizes Orçamentária para 2022. Numa situação normal, seria apenas um absurdo. Transforma-se num escárnio dentro de uma programação orçamentária que estima em R$ 170,7 bilhões o déficit fiscal do próximo ano. Consumado o despautério, os parlamentares vão às férias do meio do ano, que ninguém é de ferro.
O fundo eleitoral foi anabolizado com requintes de covardia. O Partido Novo propôs a votação de um destaque que suprimia da LDO o pedaço que trata do Bolsa Eleição. Iniciou-se, então, uma coreografia da empulhação. Os líderes partidários concordaram em apreciar o destaque. Mas a votação foi simbólica. Nessa modalidade de votação, os parlamentares não levam a cara ao painel eletrônico de votação. O eleitor fica sem saber quem é quem.
Para adicionar fiapo de luz no breu, vai aqui a orientação geral de cada partido. Posicionaram-se a favor do Bolsa Eleição engordado: PSL, PL, PP, PSD, MDB, PSDB, DEM, Solidariedade, PROS, PSC, PTB e Cidadania. Manifestaram-se contra o fundão hipertrofiado: PT, PDT, PSB, Podemos, PSOL, Novo, Rede e PV.
Por Josias de Souza
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