O governo de Jair Bolsonaro seria outro se um surto de ridículo baixasse no Palácio do Planalto. Mas o presidente tem dificuldades para enxergar a dimensão do ridículo. No caso da sucessão presidencial americana, Bolsonaro sempre operou sem um Plano B. Deu com a cara no muro. Em vez de recuar, fica batendo com a cabeça na parede, esperando que se abra uma porta de acesso à Trumpolândia, o país imaginário onde a vitória de Joe Biden não existe e Donald Trump terá mais quatro anos de mandato.
O vice-presidnete Hamilton Mourão vinha coçando a língua desde o início da semana para reconhecer a vitória de Biden. Mas, por deferência a Bolsonaro, disse que o presidente esperaria a resolução do "imbróglio" da eleição americana para depois "transmitir os cumprimentos do Brasil a quem for eleito." Foi como se Mourão esbarrasse no ridículo, pedisse desculpas ao ridículo e passasse adiante, sem reconhecer que o ridículo é o ridículo.
Desautorizado por Bolsonaro, que disse nunca ter falado com o vice sobre Estados Unidos, Mourão decidiu fugir do ridículo, ainda que de mansinho. "Como indivíduo, eu julgo que a vitória do Joe Biden está cada vez mais sendo irreversível." Otimista, Mourão disse que, a despeito da dificuldade de Bolsonaro de reconhecer o ridículo, o Brasil manterá desobstruídos os canais de diálogo com os Estados Unidos. O otimismo não orna com a facilidade com que Bolsonaro associou Biden à imagem da pólvora.
A hesitação de Bolsonaro colocava o Brasil na constrangedora companhia de Rússia, Coreia do Norte e China. O presidente chinês Xi Jinping já evoluiu para o reconhecimento da vitória de Biden sobre Trump. Bolsonaro agora está ao lado do autocrata russo Vladimir Putin e do ditador norte-corenao Kim Jong-un. Se Bolsonaro ainda fosse um deputado do baixo clero, abraçaria o ridículo sozinho. No Planalto, ele arrasta o Brasil junto. Mourão pode tomar distância. O país é refém da falta de senso do seu presidente.
Um comentário:
PONTOS DE VISTA
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Sabedoria e razoabilidade buscam o exequível.
Divergências, se respeitadas, enfraquecem equívocos e
Exortam certezas que não se descuram do óbvio e rigor.
Vivificar a Democracia, dever irrenunciável e indelegável.
Infundir essa condição para todos é um dever de todos.
Somente assim garantiremos o direito à Liberdade.
Trabalho, prosperidade e bem-estar são possíveis, sim!
A Democracia se fortalece onde não há corrupção.
AHT
14/11/2020
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