segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Advertência dos números: Imensa massa de 42.465.941 de eleitores não quiserem saber nem de um candidato nem de outro. E, 89.506.515 eleitores escolheram branco, nulo ou o candidato derrotado


 

É bom porque ainda que haja muita gente por aí a se oferecer para disputar o voto do eleitor se dizendo um não-político, a desesperança persistiu em muitos milhões. Os brancos (2,14%) e nulos (7,43%) somaram 9,57% dos votos no segundo turno: uma massa imensa de 11.094.674, maior do que a diferença que separou Jair Bolsonaro de Haddad: 10.756.849 pessoas. Outras 31.371.267 pessoas simplesmente não quiseram nem aparecer no pleito: somam 21,3%. Estamos falando de 42.465.941 pessoas que trabalham (ou procuram emprego), pagam impostos, ficam indignadas, têm problemas como qualquer um de nós e simplesmente não se sentem representadas por nenhum dos dois candidatos. Ou, então, estão mesmo descrentes da política. Nem uma polarização como essa — ou até por causa dela, sabe-se lá — foi capaz de movê-las para um candidato ou para o outro. Ocorre que toda essa gente também é alvo das políticas públicas implementadas pelo governo. Essas pessoas, note-se, podem até não votar. Mas, se preciso, sabem protestar.

Uma outra evidência de que a descrença é grande está no fato de que a abstenção no primeiro turno — 29.941.171 — foi menor do que no segundo: 31.371.267. À medida que o confronto se tornou mais duro, mais ideologizado e com menos espaço de interlocução, mais pessoas se desinteressaram do processo: um acréscimo de 1.430.096 pessoas. Tomara que os dois líderes da contenda final percebam que não basta apenas falar em conciliação — tendo as instituições como referência. É preciso também prestigiar a política em vez de amaldiçoá-la. Houve, nesta eleição, entre os que votaram, um clima de “agora vai ou racha”, com certos apelos na linha: “Esta é nossa última esperança”. E, ainda assim, muita gente preferiu ficar fora do jogo e não escolher ninguém. Pouco se sabe sobre o programa de Bolsonaro. Há sinais contraditórios. De toda sorte, é evidente que ele representa uma esperança de mudança para milhões de pessoas. Mas que fique atento, também, à maioria que não votou nele porque não compareceu, votou branco ou nulo ou escolheu seu adversário: estamos falando de 89.506.515 eleitores. E Bolsonaro será presidente também dessa maioria. Da mesma sorte, cumpre ao PT perceber que abstenções, brancos e nulos (42.465.941) não estão assim tão distantes dos 47.040.574 que apertaram o 13 na urna.

Por Reinaldo Azevedo

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