terça-feira, 2 de outubro de 2018

70 milhões de eleitoras



Antes era medo .. agora é desassossego. Bolsonaro perdendo, também ameaça a democracia. Semana passada, iincorporou o espirito de Aécio Neves, falou em fraude e, como o desbancado mineiro, disse que não admitirá derrota. Em 2014, batido por Dilma, Aécio passou dois anos infernizando a vida da então Presidente. Deu no que deu.

No domingo, Bolsonaro desdisse o que dissera. “Apenas não cumprimentarei Haddad pela vitória. Nada mais a fazer,” diz ele. Nada confiável. E se mudar de idéia, de novo? O candidato reina no palavrório. Enquanto isso, faz-se silêncio no tão atuante judiciário brasileiro. Não houve no Tribunal Superior Eleitoral uma alma que questionasse as suspeitas do capitão. Onda anda a ministra Rosa Weber? Iremos às urnas no domingo, dia 7, convivendo com as bravatas da extrema direita.

Bolsonaro sabe que se trata do mesmo sistema eleitoral que lhe garantiu sete mandatos como deputado federal Mas vivemos para ver, em 2018, esse obsceno candidato desafiar cinicamente o já vulnerável equilibrio político-social brasileiro. Em nossa oitava eleição direta (desde o golpe de 64) não cabe mais tal debate. Temos ou não democracia?

O argumento do capitão é tão frágil quanto sua simulada ignorância. Não, não é apenas o Brasil que usa urnas eletrônicas. O Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional), com sede na Suécia, atesta que outros 30 países, como Canadá, Suíça, Austrália, Índia, Japão, Coreia do Sul …. usam o mesmo sistema.

Mas, vamos lá. Estamos no meio da disputa. O debate que cabe nesse momento, é se temos ou não um TSE sólido, confiável, atento, cioso de suas enormes responsabilidades. Um TSE que não permita fanfarrices numa eleição polarizada, eletrizante. Já é evidente um segundo turno entre forças antagônicas, inflamando ainda mais os ânimos dos eleitores. Convém que o TSE tome tento.

Não somos poucos. São 147,5 milhões de eleitores aptos a votar, 70 milhões de mulheres. A maciça maioria contra a discriminação, a violência, o retrocesso, a homofobia, o racismo, o preconceito. Contra qualquer tipo de intimidação. Que venham dele, do vice dele. Ou dos filhos dele. Feias e sujinhas são suas idéias.

Mirian Guaraciaba é jornalista, paulista, brasiliense de coração, apaixonada pelo Rio de Janeiro

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