sexta-feira, 25 de março de 2011

Colisão com Palocci derrubou presidente da Caixa

O Estado de S.Paulo


Ex-presidente da Caixa não queria Geddel Vieira Lima, do PMDB, ex-ministro e aliado do Planalto, numa diretoria do banco oficial

A queda da presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, tem forte ingrediente político e vai além do episódio do banco Panamericano.

Maria Fernanda entrou em rota de colisão com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, por causa do aliado PMDB. Apesar de protegida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não resistiu à pressão.

Palocci sempre defendeu o cumprimento do acordo que contemplava o PMDB na Caixa, mas Maria Fernanda não aceitava a ideia de ter o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima na vice-presidência do banco.

Na luta contra Geddel, contou com o apoio do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT) - desafeto do peemedebista -, mas acabou perdendo a queda de braço.

Desde que estourou o escândalo do banco Panamericano, Mantega fez de tudo para preservar Maria Fernanda.

A avaliação no Palácio do Planalto foi a de que ela não teve culpa pela compra de parte do encrencado banco pela Caixa, no ano passado. Maria Fernanda foi contra a operação - que envolveu Silvio Santos, ex-controlador do Panamericano - , mas o negócio acabou bancado por Mantega.

De lá para cá, o desgaste da executiva só piorou. Após concordar com a permanência de Maria Fernanda na Caixa, Palocci percebeu que ela dava sinais cada vez mais fortes de incômodo com o anúncio da nomeação de Geddel.

O chefe da Casa Civil avisou-a então que, se ficasse na Caixa, teria de aceitar Geddel na Diretoria de Pessoas Jurídicas. Além disso, não poderia pedir para sair logo depois porque causaria uma crise política com o PMDB.

Mantega articulou a solução para atenuar o impacto da saída de Maria Fernanda: ela foi convidada para ser representante do Brasil no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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