Numa evidência de que há males que vêm para pior, a Polícia Federal teve que abrir um inquérito inusitado nesta quarta-feira. Destina-se a investigar uma usina de fake news que despeja nas redes sociais desinformação sobre as enchentes no Rio Grande do Sul.
A investigação foi solicitada ao Ministério da Justiça pela Secretaria de Comunicação do Planalto. Anotou-se na justificativa que "a propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população na capacidade de resposta do Estado." Algo que prejudica a assistência aos flagelados das enchentes.
Entre os investigados estão o senador Cleitinho, bolsonarista de Minas Gerais, e o autoproclamado influenciador Pablo Marçal. Ambos difundiram postagem segundo a qual a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul estaria "barrando os caminhões de doação".
Foi à alça de mira também o deputado Eduardo Bolsonaro. Filho de um ex-presidente que preferiu passear de jet ski na praia a providenciar assistência federal para brasileiros castigados por uma enchente na Bahia, Eduardo postou que o governo Lula retardou o envio de socorro ao Rio Grande do Sul.
Nada é mais terrível do que observar a ignorância em ação no meio de 100 mortos, 128 desaparecidos e 163 mil desalojados. O apego à inverdade, que já era aviltante, tornou-se abjeto. Estão despejando mentiras dentro do flagelo das enchentes.
No mínimo, a investigação da PF concluirá que a principal enfermidade do ignorante é ignorar a própria ignorância. No máximo, constatará que, nas redes sociais, a ignorância virou um outro nome para crime.
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