sexta-feira, 30 de março de 2012

Enigmas brasileiros




Um país continental, com uma economia vigorosa e uma imensa classe média com crescente poder aquisitivo, deveria ser um fabuloso mercado para o transporte aéreo. Mas a Gol e a TAM tiveram juntas um prejuízo de R$ 1 bilhão no ano passado e em dois anos perderam metade de seu valor de mercado, mesmo vendendo passagens nacionais a preços abusivos (uma ponte aérea Rio-São Paulo custa R$ 2 mil em alguns horários) e voos internacionais muito mais caros do que em outros países. Do aumento do querosene à crise internacional e aos impostos locais, tudo se explica, mas ninguém entende.


Um país com 190 milhões de habitantes, que adora futebol, com poderosas redes de televisão e ricos patrocinadores, times e jogadores de fama internacional, torcidas apaixonadas e massiva cobertura gratuita da mídia, deveria ser o mercado dos sonhos para uma liga de futebol profissional, como as americanas e europeias, com o seu campeonato visto no mundo inteiro. Mas os clubes brasileiros estão todos falidos ou quase. De administrações desastrosas à corrupção e politicagem, do coronelismo da CBF às anacrônicas leis das sociedades esportivas, tudo se explica, mas ninguém entende.

Nosso país é mesmo difícil de entender. Aqui joga-se em tudo, bicho, bingo, cavalos, loterias, raspadinhas e mega-senas, explorados por bandidos ou pelo Estado, gerando montanhas de dinheiro sujo e de impostos.

Mas, em nome da moral e dos bons costumes, os cassinos são proibidos, até para turistas estrangeiros.

Nos anos 1930 e 40 eles eram o motor do mercado de turismo e entretenimento no Brasil, empregando milhares de pessoas e pagando fortunas de impostos, mas foram extintos por um decreto autoritário do presidente Dutra, há 66 anos, a pedido de sua esposa, dona Santinha, que era muito católica. Isso explica tudo, mas ninguém entende.

Aqui os partidos políticos recebem R$ 265 milhões de fundos constitucionais por ano e usam, vendem ou alugam horários milionários de rádio e TV, gratuitos para eles mas pagos pelo contribuinte às emissoras como renúncia fiscal. Mas querem o "financiamento público" das campanhas.

2 comentários:

Miriaklos disse...

Nelsinho Motta, como sempre te trato, você poderia incluir mais um texto com a seguinte orientação: somos um país jovem, com um povo que pensa que pensa, mas na realidade não pensa e se pensa não age e não decide, eis que os descalabros, as roubalheiras, as falcatruas se dão a todo instante, a olhos vistos e ninguém é punido por isto. E ficamos aqui como meros espectadores. Por isto que este Brasil vai continuar a ser o 'país do futuro'. Enfim, tudo se explica mas ninguém entende.

Miriaklos disse...

Nelsinho Motta, como sempre te trato, você poderia incluir mais um texto com a seguinte orientação: somos um país jovem, com um povo que pensa que pensa, mas na realidade não pensa e se pensa não age e não decide, eis que os descalabros, as roubalheiras, as falcatruas se dão a todo instante, a olhos vistos e ninguém é punido por isto. E ficamos aqui como meros espectadores. Por isto que este Brasil vai continuar a ser o 'país do futuro'. Enfim, tudo se explica mas ninguém entende.