terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Perguntar não ofende"

 Carlos Brickmann

1 - Foram presas 123 pessoas. Só naquela estrada que ligava a Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão havia muito mais gente em fuga. Cadê os outros?

2 - Aqueles cavalheiros de bermuda, sem camisa, descalços, que moram no meio da favela, são os donos do tráfico que movimenta milhões de reais por dia?

3 - A Polícia se mostrou surpresa com uma boa casa, com piscina, no Alemão. Ninguém sabia da casa? Os helicópteros da Polícia não a fotografaram?

4 - Os traficantes ficaram sem ponto e sem estoque. Mas os consumidores querem comprar. Quem os abastece? Quem os protege da crise de abstinência?

5 - Quem trabalhava no tráfico vai viver do que? Há planos de emprego?

6 - Se alguém tiver síndrome de abstinência, pode mudar de droga (cola, por exemplo), pode ficar violento. Quem não tiver emprego terá de arranjar dinheiro de algum jeito. É complicado, mas há alguém do Governo pensando nisso?

7 - Segundo a Polícia, os operários encarregados das obras do PAC no Complexo do Alemão foram obrigados pelos traficantes a construir um túnel que servisse como rota de fuga. Se o Complexo do Alemão era território ocupado (tanto que as autoridades anunciaram que retornara ao controle do Estado brasileiro), como explicar investimentos numa área que não era nossa? Os operários, pagos pelo Governo mas pressionados pelos traficantes, poderiam rejeitar suas ordens?

8 - O traficante Zeu, um dos assassinos do jornalista Tim Lopes, teve autorização para sair da cadeia e foi para o morro. Quem foi o juiz que deu a ordem?

Assassino, traficante, livre

Zeu é o apelido de Eliseu Felício de Souza, preso e condenado pelo assassínio de Tim Lopes. Cumprido um sexto da pena, em 2007, recebeu da Justiça o direito de cumprir pena em regime semi-aberto - só dormiria na cadeia. Não voltou mais, claro. Há uns três ou quatro meses, foi visto vendendo drogas tranquilamente, de dia, ao lado de um canteiro de obras da Prefeitura, ali na favela. Por algum motivo, não fugiu com os outros, e foi preso. Até quando ficará preso?

A inflação vira pó

Depois das duas invasões no Rio, o preço da cocaína subiu 50% em São Paulo e 70% no Rio, segundo fontes que têm acesso a informações policiais. Subiu também o aluguel de armas.

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