domingo, 28 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro pega fogo. Cadê a Dilma?

Praticamente um mês já se passou depois do seu triunfo eleitoral e Dilma Rousseff continua meio sumida. Às voltas com a delicada costura para a montagem do seu ministério, praticamente não apareceu em público nestes 28 dias. A última vez que mostrou a cara e falou em público foi há nove dias, num evento do PT.

O Rio de Janeiro está pegando fogo e de Dilma não se ouviu nada sobre o assunto — somente um vago “Sérgio Cabral tem o apoio da presidente”, dito por um assessor.

O.k., Lula ainda é o presidente. Ele, naturalmente, tem o protagonismo de certas situações, tanto por ser o presidente como por ser o chefe inconteste do PT. Mas parece evidente que era a hora apropriada para começar a passagem de bastão: Dilma deveria, sim, estar botando a cara na TV pontuando assuntos urgentes como o da guerra carioca.

Até porque o brasileiro quer ouvir da presidente recém-eleita suas opiniões sobre temas reais — algo que a campanha muitas vezes não permitiu. Além do mais, a palavra de Lula só vale pelos próximos 32 dias; a dela até 2014. É também, portanto, uma questão de prazo de validade.

Esse quase sumiço de Dilma desde que se elegeu, levanta suspeitas sobre o seu estilo de governar. Alguns aliados temem que Dilma que, de modo explícito, detestou a experiência de fazer campanha, tendo que se expor diariamente, tente governar para dentro. Temem que ela repita os tempos em que era ministra das Minas e Energia ou da Casa Civil. Ou seja, com muito trabalho de gabinete e pouca exposição pública.

O receio dos aliados é que se enfurnar no Palácio do Planalto, dando pouca importância ao simbólico das aparições públicas (sempre seguidas de declarações), afete sua popularidade.

Para o bem ou para o mal, o chefe do executivo hoje é obrigado a estar com a cara todos os dias (ou pelo menos quase todos) na TV ou na internet. Não é só Lula que fez e faz isso. José Serra fez isso quando prefeito e governador de São Paulo. Sérgio Cabral faz isso (mesmo quando o Rio está em paz). É, pois, uma necessidade suprapartidária

Ainda é cedo para cravar o estilo Dilma de governar. Mas os primeiros 28 dias depois de eleita, só ajudaram a aumentar as evidências de que ela não é afeita à exposição à luz.
 
Por Lauro Jardim

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