sábado, 20 de junho de 2015

O ATO E O FATO



Brasilino Neto
Como ter esperança?

Valho-me do pensamento de Allan Poe para iniciar esta coluna: “A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de que isto se dará brevemente”.

Explico:

Esta semana vimos a presidente Dilma ser entrevistada por uma rede de televisão e em uma de suas falas disse: “No Brasil tem uma coisa que não vejo em outros países. Nós somos mais críticos conosco do que nós mesmos. Um povo que não tem esperança também não constrói o futuro. Nós precisamos de esperança, precisamos de confiança do povo em si mesmo”.

Sim presidente Dilma, talvez a senhora não viu e nem vai mesmo ver em outros países povos desesperançados, pois na grande maioria das nações os governos se voltam para a proteção e defesa dos interesses de seus cidadãos, enquanto que aqui no Brasil isto não ocorre. E isto nos esvai a esperança.

Sim presidente Dilma somos mais críticos porque a esperança nos é sempre tirada, de modo que se esvaia de em nosso dia a dia, de vidas em vidas e que nosso futuro nunca chega.

Sim presidente Dilma, a senhora bem disse que um povo que não tem esperança não constrói o futuro, e que precisamos de esperança e confiança para construirmos este país chamado Brasil.

Mas senhora presidente, tenho hoje 67 anos e pelo menos dos últimos 53 anos, ou seja, desde que comecei a tomar as decisões para nortear minha vida, me preparando para viver o futuro de meu país, quando já em 1971 fazia a primeira faculdade, só me deparei com desencontros, vendo que este futuro não me chegou e nem mesmo me chegará a tempo de bem vivê-lo, pois como o jovem está abandonado em uma ponta e o idoso em outra, não se constrói futuro algum.

Como posso ter esperança em um país que trata seus cidadãos?

Até a alguns dias tinha em mãos um exemplar de um jornal de Porto Alegre, de 1962, (O Povo, se não me falho), que tinha como chamada de página “Aumento salarial ou greve geral”, e nos cartazes empunhados se via reivindicações de melhorias nas áreas de saúde e educação e ai já se foram 53 anos e as reivindicações ainda são as mesmas.

Como posso não ser crítico e ainda ter esperança neste “país do futuro”?

Dizia Frederico I que “O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano”, mas que este país chamado Brasil não tem concedido aos seus cidadãos estes lenitivos, pois seu “futuro” nunca chega, e ainda deles subtrai os sonhos e esperanças?

Em 1963 vivíamos uma época de crise, tanto que á época se cunhou a frase que ufanamente estava fixada em muitos lugares e jornais: “Não fale em crise, trabalhe”.

Passou o tempo, as crises na saúde e educação se mantiveram e sobreveio a fase do “Brasil eu te amo. Ame-o ou deixe-o”. E tudo continuou com dificuldades.

Vieram mais anos e anos, e chegamos em 2015 estas crises não arrefeceram e ainda a elas se agregou a da segurança e ai novamente criamos a frase “O brasileiro não desiste nunca”.

Então presidente Dilma, tanto a senhora como todos, isto mesmo, todos os políticos que a antecederam no comando deste país fizeram ‘experiências’ de como comandar um país e não acertaram, pois como disse, vivemos de tempos em tempos e sempre na esperança de que o “futuro” nos chegue, porém, no Brasil ele é como o horizonte, quando nós damos um passo em sua direção, ele se afasta na mesma proporção de nosso passo, de modo que nunca o alcancemos.

Creia presidente Dilma, para que possamos ouvir o clamor que nos lança, de que tenhamos esperança e confiança, é preciso, primeiramente que a classe política brasileira de mostras de que quer fazer este país para seus cidadãos, para seu povo, assistindo-lhe de forma decente e respeitosa em suas necessidades primárias de educação, segurança e saúde. Assim isto será possível, pois ao contrario continuaremos a ser o “país do futuro”, que nunca chega, consumindo seguidamente gerações e gerações de vidas e histórias.

4 comentários:

Sueli Paulo - Caçapava disse...

Sueli Paulo Agora perguntou eu:ou. Melhor; aos "brasileiros"._
Que " país"e esse?. Em letras minúsculas mesmo. Da-lhe Dilma!!!??????
Curtir · Responder · 13 h
Sueli Paulo Pois 'e
E mesmo assim ainda: a esperança será que'e a última que morre?

(via facebook).

Isabel Amaro - Caçapava disse...

É a culpa desse desgoverno e dessa falta de esperança é do povo que pouco exige e . muito paga.Deveria ser adotado no Brasil concursos para os cidadãos que querem entrar na política, pois assim, pelo menos deixaríamos de ouvir determinados políticos falando tanta besteira.

(via Facebook).

Fernanda Vasconcellos - Caçapava disse...

Foi a melhor tradução para tudo o que sinto com relação a falta de cidadania do nosso país. Vejo alguns exemplos de corrupção em outros países que por mais que tentem, a cortina cai e a exposição vai ao clarão. No nosso país, a sujeira está jogada para debaixo do tapete. Somos filhos abandonados da nossa pátria tão amada, Brasil. Como dizem: "um país de todos". Na minha opinião, um país que está para poucos, muito poucos, que comem na churrascaria Fogo de Chão diariamente em Brasília, no alto calor, com dondocas laqueadas vestindo peles, acompanhando seus maridos políticos e que gastam fortunas em jantares, almoços e que ainda reivindicam para construção de área de lazer e compras dentro da área que seria social e democrática. Mas são aplaudidos e nós pagando impostos tão altos, uma conta de luz que virou de ouro. Um imposto cada vez mais inacessível para aqueles que andam na lei e são cidadãos corretos. Uma completa vergonha. O povo, a grande massa, ainda está indo com a maré, não me conformo, de um país que vai as ruas e que depois vota na mesma pessoa. Resultados políticos que devido a porcentagem em outro país seria revisto e não aceitado um resultado e uma diferença de 2 por cento na análise final de votos. Não sou partidária, também acho que política, religião e futebol cada um tem o seu, e respeito todos, mas o descaso social, o tratamento que recebemos é uma vergonha. Parabéns Brasilino Neto, ótimo texto. Fico muito feliz em lê-lo e compartilhar a mesma sensação . Força! A única coisa que temos, pois a esperança torna-se nublada e a vista ofusca para um futuro que de acordo com as pesquisas, estamos numa fria, numa economia que era tão aquecida. No Rio de Janeiro e São Paulo perdi a conta de quantos clientes mudaram de cargo, perderam empregos, pois a falta de investimento internacional é fato e a causa é o quadro da corrupção que está assustando todos.

(Via Facebook)

Jaime Falcão - Caçapava disse...

Mais uma na mosca Dr, fico entusiasmado por ler um artigo profundo ser exposto e comentado de forma tão clara e envolvente, pois nos alerta para colocarmos nossas atenções, ações e atitudes no hoje. Meus parabéns.

(via Facebook).