quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Desunidos na ONU, os ricos e os pobres se juntarão na sepultura



Nos discursos políticos, o combate à desigualdade é uma bela peça de retórica. Na prática cotidiana dos governos, o estreitamento da distância que separa ricos de pobres é uma falaciosa utopia. A diferença entre discurso e prática fica muito evidente na negociação intermediada pela ONU sobre a prevenção de futuras pandemias.

Países ricos resistem em assumir compromissos que contemplem a transferência às nações pobres da tecnologia para a produção de vacinas e outros produtos destinados a conter futuros surtos como a da Covid. O debate pós-covid ocorre nas pegadas dos discursos de Lula e Joe Biden na abertura da Assembleia Geral da ONU.

Lula declarou que "o mundo está cada vez mais desigual. Os 10 maiores bilionários possuem mais riqueza que os 40% mais pobres da Humanidade." Foi ecoado por Biden: "Os Estados Unidos procuram um mundo mais seguro, mais próspero e mais equitativo para todas as pessoas, porque sabemos que o nosso futuro está ligado ao seu. E nenhuma nação pode enfrentar os desafios de hoje sozinha".

No debate sobre vacinas, o Brasil defende o compartilhamento de tecnologias. Os Estados Unidos se associam aos países europeus no polo oposto. Protegem suas patentes e, simultaneamente, exigem que países tropicais forneçam amostras de vírus e patógenos que percorrem atmosferas empobrecidas como uma ameaça a ambientes mais prósperos e limpinhos.

A humanidade tem muito a desaprender com suas mazelas. Se a covid serviu para alguma coisa foi para demonstrar que toda a desigualdade entre ricos e pobres é igualada num lugar comum: a sepultura.

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