segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Desorganização do Estado rende fabulosos negócios para o PCC



O Brasil encontrou uma maneira original de combater o crime organizado. Os agentes públicos colecionam dados e discutem exaustivamente o problema. Exaustos, concluem que a encrenca tornou-se insolúvel. A organização do crime cresce nas pegadas da esculhambação do Estado.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo é, hoje, uma das vozes mais qualificadas em matéria de crime orfamizadopno debate sobre o crime transnacional. Manuseia dados confiáveis. Não há razões para duvidar, portanto, da estimativa que atribui faturamento anual de R$ 4,9 bilhões ao Primeiro Comando da Capital, o PCC. Mas o próprio promotor sinaliza que a cifra está subestimada.

A conta inclui apenas os ganhos com o tráfico de cocaína em São Paulo e na Europa. Falta contabilizar o lucro das filiais do PCC nos estados. O caixa não é centralizado. Há negócios secundários, como o roubo a bancos. De resto, há os ganhos financeiros obtidos a partir de negócios abertos com aparência de legalidade, para lavar o dinheiro sujo da organização.

De tão repetida, tornou-se cansativa a conclusão segundo a qual o crime organizado não será detido senão por meio de uma asfixia financeira. O cerco à caixa registradora de organizações como o PCC exigiria o aprofundamento do trabalho de inteligência policial, parcerias afinadas entre o governo federal e os estados, além de muita colaboração internacional.

O diabo é que, a despeito da qualidade do diagnóstico, a descoordenação passa a impressão de que o Estado insiste em dobrar a dose do purgante. O aparato repressor está sempre vários passos atrás do empreendimento criminoso, cada vez mais lucrativo.

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