sábado, 2 de setembro de 2023

Com Juscelino, Lula enfia no seu governo perversão de Bolsonaro


Lula e Juscelino Filho

Lula ainda tem muito a desaprender com o centrão de Arthur Lira. Nas duas primeiras passagens de Lula pelo Planalto, o governo fabricava seus próprios escândalos. No terceiro mandato, Lula incorpora à sua gestão perversões que chegam prontas. Teve a chance de se livrar de Juscelino Filho em março. Optou por mantê-lo na chefia da pasta das Comunicações. Nesta sexta-feira, assiste à explosão de um escândalo da era Bolsonaro dentro do seu governo.

Há cinco meses, quando o noticiário deixou claro que Juscelino Filho era um escândalo policial esperando na fila para acontecer, Lula declarou que ele "não pode ficar no governo" se "não conseguir provar sua inocência". Recebeu o auxiliar. Ao sobreviver à conversa com Lula, Juscelino virou uma espécie de referência ética do terceiro mandato petista, um padrão de inocência.

Sob Bolsonaro, o deputado Juscelino usou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa em frente à sua fazenda, no Maranhão. Na campanha à reeleição para a Câmara, no ano passado, omitiu da Justiça Eleitoral um patrimônio avaliado em R$ 2,2 milhões em cavalos de raça. No ministério, cavou uma agenda "urgente" em São Paulo como pretexto para voar nas asas da Força Aérea Brasileira para um leilão de cavalos.

A estrela da batida realizada pela Polícia Federal é Luanna Resende, irmã de Juscelino. Prefeita do município maranhense de Vitorino Freire, ela foi afastada do cargo por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso. Além da busca e apreensão nos endereços da irmã, a PF desejava vasculhar armários e gavetas do próprio Juscelino. Barroso não permitiu.

Num mundo lógico, o deputado Juscelino nem estaria na Esplanada. Ele entende de manga-larga, não de Comunicações. No fundo, a audiência do Planalto serve para testar a integridade de Lula, não a honestidade do ministro. Em março, quando Juscelino foi recebido por Lula, parecia jurado de morte pelos fatos. A hesitação do presidente fez com que o ministro dos cavalos se sentisse cheio de vida. Deu no que esta dando.

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