terça-feira, 26 de setembro de 2023

Brasil se livra de Aras, mas Lula sonha com outro antiprocurador



O Brasil se livra nesta terça-feira de Augusto Aras. Em quatro anos, Aras conquistou um lugar de destaque na história. Desce ao verbete da enciclopédia como o pior procurador-geral da República de todos os tempos.

A pretexto de "despolitizar" o Ministério Público Federal, Aras bolsonarizou a chefia do órgão. Visando o desmonte da Lava Jato, criou o lavatismo com sinal trocado, que não denuncia ninguém acima de um certo nível de poder e renda. Para "descriminalizar a política", condescendeu com políticos criminosos.

Remunerado pelo contribuinte para defender os interesses da sociedade, Aras fez opção preferencial pela advocacia dos interesses de Bolsonaro. Pagou com a omissão sua indicação fora da lista tríplice da corporação.

Simulou rigor com "averiguações premilinares". Arquivou mais de 70 acusações. Fechou os olhos para a política de estado letal na pandemia. Enterrou os indiciamentos da CPI da Covid. Associou-se por omissão ao projeto golpista que passou pelo 7 de Setembro e desaguou no 8 de janeiro.

Na abertura do ano do Judiciário, com Bolsonaro já desachado do Planalto pelo eleitor, Aras fez uma tríplice declaração de amor ao regime democrático no plenário reconstruído do Supremo: "Democracia, eu te amo, eu te amo, eu te amo."

Na semana passada, o antiprocurador fez no mesmo plenário da Suprema Corte um autodesagravo. Apresentou-se como vítima de "incompreensões e falsas narrativas". Nesta segunda-feira, agraciado por Aras com imerecida medalha da Ordem Nacional do Mérito do Ministério Público, o ministro do Supremo Dias Toffoli exagerou no agradecimento.

Toffoli atribuiu a estabilidade democrática à inépcia de Aras. "Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força de seu silêncio, Augusto Aras, talvez nós não estivéssemos aqui. Nós não teríamos talvez democracia". Abandonado pelo senso do ridículo, Toffoli declarou que Aras não usou o Ministério Público como "um alpinismo para outros interesses". Deu-se exatamente o oposto.

Sob Bolsonaro, Aras caprichou no puxassaquimo para tentar chegar ao Supremo. Sob Lula, escalou o antilavatismo para obter um terceiro mandato na PGR. Amealhou inacreditáveis apoios no petismo. Foi recebido no Planalto. Mas Lula preferiu buscar uma reencarnação de Aras no corpo de outro antiprocurador.

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