quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Desânimo de Bolsonaro após a delação de Cid espanta aliados



As contrariedades costumam despertar em Bolsonaro rompantes de raiva. A conversão de Mauro Cid em delator produziu outros sentimentos. Em privado, Bolsonaro se diz "decepcionado" com o ex-braço direito. Não contava com a "deserção" do tenente-coronel. Revela-se inquieto com o teor das revelações de Cid —as que já seduziram a Polícia Federal e, sobretudo, as que ainda terão que ser feitas para garantir os prêmios judiciais.

Mas o que mais espantou os aliados não foi nem a decepção de Bolsonaro com Cid nem a inquietação com o que está por vir. Surpreenderam-se com o "desânimo" do capitão. Um integrante da cúpula do PL avaliou que Bolsonaro exibe agora um abatimento comparável ao que apresentava nos dias que se seguiram à derrota para Lula, no ano passado. Compartilhou com correligionários o receio de que o "cabo eleitoral de luxo" decida submergir.

Haverá nos próximos dias uma imersão incontornável, pois Bolsonaro está sendo submetido nesta terça-feira a três intervenções cirúrgicas —uma para evitar obstrução das alças intestinais, outra para eliminar uma hérnia de hiato e uma terceira para corrigir um desvio de septo. Bolsonaro vai à mesa de cirurgia sem saber o que Mauro Cid ofereceu como isca para seduzir a Polícia Federal.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes indeferiu pedido dos advogados para que o agora delatado tenha acesso ao depoimento mais recente do seu delator. Em meio ao breu, o PL encomenda pesquisa para aferir os danos parciais antes de conhecer a profundidade do buraco em que Cid ameaça enfiar o ex-chefe.

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