quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Aras é um pesadelo do qual o país tem dificuldade de acordar



A história dos quatro anos de Augusto Aras na chefia da Procuradoria-Geral da República é uma mentira encadernada pelo déficit público. Antes de deixar o cargo que não mereceria ocupar há quatro anos, Aras mandou imprimir, com verbas do alheio, uma autopropaganda camuflada de prestação de contas.

Há 35 anos, quando o Congresso Constituinte presidido por Ulysses Guimarães converteu o Ministério Público numa entidade independente, imaginou-se que surgiria no país uma instituição respeitável. Se a gestão de Augusto Aras serviu para alguma coisa foi para demonstrar que a respeitabilidade está sob ameaça.

Reza a Constituição que a Procuradoria deve zelar pelos interesses da sociedade. A função de procurador-geral será exercida com maior eficácia se o titular for escolhido pelo presidente da República de forma republicanamente impessoal. Mas a impessoalidade, depois da diversidade, é o critério que menos interessa a Lula no momento.

O livro que Aras distribui aos amigos vale como um dossiê das culpas do pior procurador-geral de todos os tempos. Numa obra que fala sobre a maneira como a gestão de Aras "salvou vidas" durante a pandemia, fica difícil eleger o trecho mais mentiroso. O pior, entretanto, não é o pesadelo, mas a dificuldade que o Brasil tem de acordar dele. Lula não parece interessado em reescrever a história da Procuradoria. Ele busca algo muito parecido com um recomeço em falso.

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