domingo, 20 de junho de 2010

Moradores denunciam má qualidade de casas populares

Auditores do TCU identificaram diversas irregularidades na estrutura e no acabamento das casas. Empresa que realizou a obra teria cobrado mais do que deveria pelo serviço.


 
Moradores que viviam em área de risco foram transferidos para casas novas na Estrutural. Mas as obras, além de terem sido mal executadas, custaram mais caro do que estava previsto.


“Basta passar a unha que o piso solta todinho”, afirma a servente Wilma Silva Moreira. Não é só o chão da casa de dona Wilma que está aos farelos, o forro do banheiro já caiu e as rachaduras do lado de fora deixam infiltrações pelas paredes do quarto.

“Está muito diferente do que foi apresentado no contrato. Me sinto lesada porque isso aqui foi pago com impostos”, acrescenta.

A reclamação é sobre o primeiro setor de casas populares entregue pelo governo na Estrutural. Há um ano, moradores que viviam em áreas de risco foram transferidos para o local.

Alguns já tiveram que fazer melhorias, como é o caso da dona-de-casa Vanusa Mendes. “Consertei vazamentos na cozinha e no banheiro e aumentei algumas áreas porque do jeito que estava não dava”, diz a dona-de-casa.

Um relatório do Tribunal de Contas da União aponta que a Erickstel, empresa contratada pela Novacap, não executou o projeto de construção das casas como deveria e cobrou a mais pelo serviço: R$ 6,1 milhões.

Auditores do TCU foram às construções e constataram que a espessura do concreto usado é cinco centímetros menor. A armação da laje foi feita com um material inferior e a quantidade de fios sofreu alterações.

Apesar de o contrato prever vidros nas janelas dos quartos e nas salas, foram instaladas janelas do tipo venezianas. O reboco nas paredes também não teria sido feito como o combinado.

O som de uma simples batida na parede já denuncia que os azulejos da casa de Odileuma Paiva estão quase caindo. Antes de se mudar, ela recebeu um manual com os detalhes da casa, mas quando entrou nela, se deparou com outra realidade.

“Fiquei alegre porque recebi uma casa, só que esse sonho se tornou um pesadelo”, diz a dona-de-casa.

Em nota, a Secretaria de Obras disse que só autoriza o pagamento dos serviços executados. Afirmou também que já justificou ao Tribunal de Contas da União os indícios de supostas irregularidade.

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