quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Manifesto contra corrupção: Polícia Federal chuta o balde!!!

Texto divulgado hoje pela Associação dos Delegados da Polícia Federal é direto, objetivo e certeiro: “Qualquer criminoso tem como primeira providência desqualificar o trabalho policial”; registra; "padrinhos de criminosos sempre ficam 'estarrecidos'".


A entidade atira na testa do governo Dilma, sem meias-palavras.

Pela primeira vez, desde que, em outubro de 2003, a PF deflagrou sua primeira grande operação, a Anaconda, uma entidade de classe da elite da corporação (os delegados) saiu a público para criticar o governo. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal divulgou nota em que ressalva: “após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar”.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal lamenta que no Brasil a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas”. Prosseguem que “milhões de reais - dinheiro pertencente ao povo - são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem ‘estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal’. Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro”.

A carta dos delegados deixa bem claro que nunca, no governo Lula, houve tamanho descontentamento como o que ora de processa. Sem meias-palavras, a Associação dos Delegados da PF faz referência clara, mas não literal, à Operação Voucher. “A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. Agora, a tática volta ao cenário. Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos. De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.”

A carta prossegue assim: “A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal".

A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.

É uma pena que aqueles que se dizem "estarrecidos" com a "violência pelo uso de algemas" não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte”.

Os delegados são pontuais: referem que “no Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada. Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende”.


Encerram os delegados “Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa. A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: "a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos".

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