sexta-feira, 26 de abril de 2019

Para Heleno, noticiário virou uma ‘coluna social’



Presente à nova rodada de café da manhã que Jair Bolsonaro mandou servir a um grupo de jornalistas, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, impacientou-se. Interveio a certa altura para sugerir que os convidados abandonem a "obsessão" pelo barraco armado por Carlos Bolsonaro contra o vice-presidente Hamilton Mourão. Acha que o noticiário virou uma espécie de "coluna social" hipertrofiada. 

"Parem", exortou Heleno, observado pelo amigo Mourão, que estava sentado à direita de Bolsonaro. Ele chamou de "coisinha" a pancadaria virtual de Carlucho contra o vice-presidente. Afirmou que, ao "encher coluna social", o reportariado "apequena o país". Declarou também que a mídia dá "muito espaço para coisas que não são importantes." 

O general Heleno não se deu conta. Mas os radares que fazem dele um dos mais refinados observadores da cena palaciana estão com defeito. Sem a orientação habitual, ele comete o erro trivial de achar que a imprensa é a crise. Os repórteres podem se alimentar da crise. Mas não se confundem com ela. 

Chama-se Jair Bolsonaro o dono da crise que inquieta o general Heleno e "apequena o país". No instante em que o capitão tiver suficiente autoridade para desligar o 'Zero Dois' da tomada, o curto-circuito se extinguirá. E a "coluna social" mudará de assunto instantaneamente.


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