As investigações em andamento da Polícia Federal identificaram até agora que o único telefone celular que teve dados capturados por hackers foi o do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato.
Trabalhos iniciais da PF também confirmaram que não houve extração ilegal de informações do ministro Sergio Moro (Justiça), cujo celular também foi alvo de ataque.
Há pelo menos quatro inquéritos abertos para apurar relatos de invasão digital, em Brasília, no Rio de Janeiro, em Curitiba e em São Paulo.
Mensagens divulgadas no domingo (9) pelo site The Intercept Brasil mostram que Moro e Deltan trocavam colaborações quando integravam a força-tarefa da Lava Jato. Os dois discutiam, segundo as mensagens, processos em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça pelo Ministério Público Federal.
Para a Polícia Federal, como mostrou a Folha, a ação foi orquestrada, por um mesmo grupo, que mirou a Lava Jato.
Além de Deltan, relataram ter sido alvo das tentativas dos hackers: três outros procuradores de Curitiba, três procuradores do Rio, dois de São Paulo, quatro de Brasília, o juiz Flávio de Oliveira, do Rio, a juíza Gabriela Hardt, de Curitiba, o desembargador Abel Gomes, relator da Lava Jato do Rio em segunda instância, e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Embora as investigações ocorram de forma individual, a PF identificou um padrão nos casos em andamento.
De acordo com investigadores, os hackers tiveram acesso a um aplicativo específico de mensagens, o Telegram, e o fizeram depois da realização de telefonemas para o celular que seria alvo.
Os primeiros relatos são do mês de abril.
A suspeita é que os ataques tenham utilizado uma ferramenta que consegue obter dados do usuário e, a partir daí, puderam acessar o aplicativo ao mesmo tempo que o próprio dono, sem precisar ter acesso físico aos aparelhos e sem precisar instalar programas espiões.
Seria, na verdade, uma espécie de clonagem, que se aproveita de brechas de segurança.
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