A lealdade de Jair Bolsonaro com os militares que convocou para ajudá-lo a governar revelou-se uma qualidade facilmente contornável. No intervalo de menos de uma semana, o presidente disse "para fora, volver" a quatro generais. Um deles, Carlos Alberto dos Santos Cruz, era seu amigo havia três décadas.
Santos Cruz não precisava de poder nem de influência. Foi para o Planalto levando o desejo de ajudar. Viu-se num governo que privilegia a "fofocagem" e oferece um "show de besteiras" que impede a plateia de prestar atenção "nas coisas boas".
Ao desalojar Santos Cruz da pasta palaciana da Secretaria de Governo, Bolsonaro ofereceu-lhe a presidência dos Correios, na vaga de Juarez Cunha, outro general cuja cabeça foi para o saco. Santos Cruz refugou a oferta. É do tipo que sabe que dignidade é feito virgindade. Perdeu está perdido. Não dá segunda safra.
O general Floriano Peixoto, expurgado por Bolsonaro da Secretaria-Geral da Presidência da República, não teve a mesma percepção. Aceitou ser rebaixado. Assumirá os Correios antes que acabe. Nada assegura que não terá um destino semelhante ao do general Franklimberg Ribeiro de Freitas, exonerado do comando da Funai a pedido da bancada ruralista.
A ala fardada do governo está assombrada com o tratamento de soldado raso que o capitão dispensa aos seus generais. Oficiais sobreviventes avaliam que o presidente conseguiu a proeza de afastar gente qualificada por motivos desqualificados. Fez isso sem método. Envia generais para o olho da rua com a naturalidade de quem coloca o saco de lixo na porta. Provoca enorme incômodo.
Por Josias de Souza
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