quinta-feira, 27 de junho de 2019

Militar brasileiro preso na Espanha viajou com Bolsonaro para SP há 4 meses


Reprodução/TV Globo

Preso ontem no aeroporto de Sevilha, na Espanha, por suspeita de traficar cocaína, o sargento Manoel Silva Rodrigues havia acompanhado o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em viagem de Brasília a São Paulo, em 27 de fevereiro, para exames médicos, após a segunda cirurgia devido ao ataque a faca de que foi vítima na campanha. 

Hoje, o presidente chegou a dizer que o episódio ocorrido na Espanha "não tem relação com sua equipe". Mas o Comando da Aeronáutica divulgou nota dizendo que o "sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial".

Desde que se soube da prisão na Europa, o governo divulgou diferentes versões sobre a participação do militar na viagem de Bolsonaro ao Japão - que tinha escala prevista em Sevilha, repentinamente mudada para Lisboa:

Pela manhã, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB) afirmou que o militar integraria a equipe do voo no retorno de Bolsonaro para o Brasil. 

No início da noite, Bolsonaro e Mourão passaram a dizer que o sargento não tinha relação com a equipe presidencial. 

Mais tarde, o Comando da Aeronáutica disse que o sargento estava em "missão de apoio à viagem presidencial", mas não integraria a tripulação da aeronave presidencial 

Segundo a Follha, Silva Rodrigues fez ao menos 29 viagens no Brasil e no exterior desde 2011, várias delas com o staff presidencial --incluindo os ex-presidentes Michel Temer, Dilma Rousseff e Bolsonaro.

No Portal da Transparência, mantido pelo governo federal, é possível ver que Manoel Silva Rodrigues foi reembolsado em R$ 201 por despesa de viagem em 27 de fevereiro. No campo motivo, a justificativa: 

SC - 01.52 TRANSPORTE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Portal da Transparência / Reprodução
"Transporte do presidente da República Federativa do Brasil", diz site do governo sobre viagem de Rodrigues em fevereiro Imagem: Portal da Transparência / Reprodução

Segundo a Aeronáutica, o sargento Silva Rodrigues exerce a função de comissário de bordo em uma aeronave militar VC-2 Embraer 190. Em nota, o Comando da Aeronáutica afirma ter instaurado Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias do caso e que vai reforçar as medidas de prevenção "a esse tipo de ilícito". "Esclarecemos que o sargento partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial, fazendo parte apenas da tripulação que ficaria em Sevilha. Assim, o militar em questão não integraria, em nenhum momento, a tripulação da aeronave presidencial, uma vez que o retorno da aeronave que transporta o Presidente da República não passará por Sevilha, mas por Seattle (EUA)", diz nota.

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