Quando Jair Bolsonaro ainda estava em campanha, seu Posto Ipiranga prometia zerar o déficit público no primeiro ano da nova administração. Era ilusão. Ainda estamos no primeiro semestre. E Jair Bolsonaro ergue suas preces ao Altíssimo para que o Congresso autorize o governo a emitir quase R$ 249 bilhões em dívida.
Se suas preces não forem atendidas, o capitão viverá um vexame dentro de duas semanas. Vai faltar dinheiro para despesas vitais. Bolsa família e aposentadorias, por exemplo. A encrenca tem um nome dourado: "regra de ouro". Assim é chamada a norma que proíbe o governo de se endividar para pagar as chamadas despesas correntes —desde salário de servidor até conta de luz.
Ou o Congresso atende aos apelos do Planalto ou Bolsonaro ficará numa encruzilhada. Se cancelar as despesas, o presidente produzirá o caos. Se gastar sem o aval do Legislativo, fornecerá matéria prima para a abertura de um processo de impeachment. É a esse ponto que chegamos.
Nesta quarta-feira, o deputado Hildo Rocha, relator do pedido de liberação de crédito suplementar, apresentará seu relatório para ser votado na Comissão de Orçamento. Convocou-se uma sessão do Congresso, com deputados e senadores, para tentar votar a matéria em plenário na sequência.
Misturando-se a penúria financeira à roubalheira e à incompetência que infelicitam o Estado brasileiro, conclui-se que o inferno existe. É aqui. E não funciona.
Por Josias de Souza

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