segunda-feira, 17 de junho de 2019

Em 4 dias, Bolsonaro e Guedes batem recorde de truculência



Se algo de positivo ainda acontecer com o Brasil no governo Bolsonaro, pode-se afirmar sem medo de errar: será trabalho dos abnegados do Parlamento. Mas atenção! É justo que os senhores congressistas se perguntem se devem criar facilidades para as ideias toscas que andam a habitar a cabeça do presidente. Por isso, é fundamental que, em se aprovando a reforma da Previdência, também se aprovem freios aos ímpetos autocráticos do mandatário. Uma coisa é certa: o homem é do gênero que, chegando ao limite, dá sempre mais um passo. É de assombrar a sequência de ações destrambelhadas do senhor presidente da República em 96 horas. Entre a quinta, data em que o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), apresentou o texto da Previdência, e este domingo, o chamado "Mito" se dedicou incontinente à tarefa de gerar crises. E não! Não se trata de coisas irrelevantes. Pior: em duas das invectivas contra o bom senso, contou com o auxílio de Paulo Guedes, tido por incautos como âncora da estabilidade do governo. Já escrevi aqui: ele não gosta da democracia mais do que seu chefe. Digamos que tem consciência de que precisa dela, não é? Encerrado o período no governo, ainda há os negócios. Guedes só não manda queimar os navios porque não pode, não porque não queira. Atenção! Na mesma quinta em que se apresentou o texto da Previdência, Bolsonaro demitiu Santos Cruz da Secretaria de Governo e pôs em seu lugar um general da ativa: um paraquedista vai fazer articulação política. Na sexta, anunciou que vai pôr na rua o presidente dos Correios e criticou o STF, voltando a defender um evangélico no tribunal. No mesmo dia, Guedes disparou contra Joaquim Levy, então presidente do BNDES, e desferiu duras críticas ao Congresso e ao texto da reforma. No sábado, o presidente disse que a cabeça de Levy estava a prêmio e que, para governar, precisa mais do povo do que do Parlamento. Adicionalmente, defendeu o armamento da população e, se preciso, a luta armada propriamente. E isso em meio ao escândalo das conversas de pornografa política e jurídica explícita entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

Por Reinaldo Azevedo

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