quarta-feira, 26 de junho de 2019

Reinaldo Azevedo - Ódio de xucros a Gilmar faz sentido



Quando chegou, então, a vez de apresentar seu voto-vista, o ministro Gilmar Mendes defendeu que se faça uma análise mais detida dos novos elementos surgidos nos autos com as revelações feitas pelo site The Intercept Brasil. Lembrou ainda o grampo ilegal feita no escritório dos advogados de defesa de Lula, reiterando a necessidade de adiar o julgamento — e esta era, se notam, a proposta inicial do ministro. 

Mendes propôs que se garantisse, então, a liberdade a Lula — ao menos até a conclusão da votação do habeas corpus que trata da suspeição de Moro. Foi seguido por Lewandowski. Fachin opôs-se, como era de se esperar, sendo seguido por Celso de Mello. A presidente da turma, Carmen Lúcia, deu o terceiro voto contra a soltura. E a isso se chamou "a derrota de Lula". 

Ocorre que ninguém pode garantir que, no julgamento de mérito, Celso de Mello também dirá "não". Muitos poderão perguntar: a política brasileira aguenta a anulação da sentença de Lula e, eventualmente, o recuo de outros processos à fase da denúncia ou da investigação? A minha resposta é "sim". Jair Bolsonaro, por exemplo, pode até torcer por isso. Parte de sua força está no antipetismo e no antilulismo. Talvez seja uma boa chave a ligar a campanha pela reeleição. 

Repudio os valores do bolsonarismo e acho seu governo um desastre até aqui. Isso me faria, então, condescender com as lambanças da Lava-Jato? Obviamente, não! Cumpra-se o devido processo legal. E que os eleitores façam a sua escolha. 

Porque sei outra coisa: se a política aguenta, sim, um Lula livre ou submetido ao devido processo legal, a verdade é que o Judiciário não aguenta conviver com as ilegalidades já conhecidas da Lava-Jato e com aquelas que ainda se vão conhecer.

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