sexta-feira, 28 de junho de 2019

O Brasil e os 61% de vegetação nativa: ativo não pode ser vítima da burrice



O Brasil tem a exibir, no que diz respeito à preservação do meio ambiente, um padrão que é, de fato, de fazer inveja ao mundo: a vegetação nativa ainda ocupa 61% do território. Somos uma potência agropecuária explorando, para esse fim, pouco mais de 27% desse território — 8% com agricultura e 19,7% com pastagens. Assim, até se poderia indagar: o que a Alemanha e outras nações desenvolvidas têm a nos ensinar nesse particular? 

É claro que há considerações de outra ordem. Parte dessa preservação se deve, por contraste, aos vícios históricos do atraso e do subdesenvolvimento, não às virtudes da consciência ecológica. Hoje em dia, é fato que as nossas florestas são um ativo, não um peso. E assim têm de ser vistas. 

Também a vigilância internacional que há em relação aos agrotóxicos — e é bom que o mundo se ocupe do tema — tem de ser posta em perspectiva. O número de pragas em terras tropicais é muito maior do que o de zonas temperadas do Hemisfério Norte. E há um mundo a alimentar que se beneficia do manejo que fazemos desses produtos. 

Tudo vale a pena se a lagarta não é pequena? A resposta é "não". Temos de nos adaptar a padrões saudáveis de produção em benefício das nossas terras, do nosso povo, da nossa economia. Não se trata de uma disputa entre quem é favor do agrotóxico e quem é contra ele. Trata-se de saber qual é a medida.

Disso tudo vinham se ocupando com competência — SIM, COM COMPETÊNCIA — os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores do Brasil há já vários governos. E por essa razão somos quem somos na agropecuária — e só por isso ainda há um Brasil que conta no mundo. 

Houve momentos em que as exigências ambientais, caso se cedesse ao discurso extremista, poderiam ter ameaçado o futuro do país como produtor de alimentos? Houve! Por ocasião da redação e da aprovação do novo Código Florestal. Mas se chegou a um bom texto, com uma legislação que preserva os interesses da produção e do meio ambiente e que serve para certificar a produção brasileira no mundo. 

Uma soma de ignorância, viés ideológico — para usar uma expressão que o presidente Jair Bolsonaro adora —, reacionarismo antiambientalista gratuito e paranoia pode, ainda, nos causar grandes prejuízos. Se o Brasil tem as suas credenciais na área do meio ambiente, e tem, que as apresente ao mundo com galhardia, com o pescoço erguido, mas certo de que faz parte do concerto global. 

Infelizmente, como sabem os grandes do agronegócio brasileiro, o governo Bolsonaro está fazendo tudo errado. E já deu para perceber isso na viagem do presidente ao Japão. 

Temos, sim, de nos orgulhar de nossas matas, não de nossa burrice.

Por Reinaldo Azevedo

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