Sobre uma terra vermelha e poeirenta, ao menos mil sem-teto paraguaios armados com porretes de madeira e facões escutam palavras de ordem gritadas ao microfone, em guarani. A cena acontece a 95 quilômetros da fronteira do Brasil com o Paraguai, na cidade de Ñacunday, no Alto Paraná. Na caçamba de uma caminhonete branca, diante do grupo, está Victoriano Lopez Cardozo, líder do movimento. No discurso do campesino, ataques aos brasileiros que vivem no Paraguai, em 167 mil hectares de terras que o grupo reivindica para a reforma agrária. Se os brasileiros não saírem, ameaçam os sem-terra paraguaios, haverá invasão das lavouras.
Eles são os carperos. Em português, aqueles que moram em barracas. São barracas de teto baixo, montadas com tábuas de madeira e lona. No lugar de piso, apenas chão batido, da mesma terra vermelha e poeirenta. Os sem-teto – que dizem somar 10.000 pessoas – estão há mais de dez anos na região e, desde então, vivem em conflito com os chamados brasiguaios, gente nascida no Brasil que se mudou para o país vizinho para plantar e trabalhar, entre os anos 1960 e 1970. Eles formam um contingente de 350.000 pessoas.
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