O Globo
Se a indústria da seca fez história no Nordeste, hoje é a indústria das
chuvas que virou fenômeno no Sul do país. Prefeitos aproveitam a ineficiência da
fiscalização dos órgãos de controle para superestimar danos, receber mais
recursos e abusar de compras e obras sem licitação para desviar dinheiro
público.
Levantamento feito pelo GLOBO em vários municípios localizou notas fiscais
forjadas para justificar compras de materiais de construção nunca entregues,
obras refeitas duas vezes em menos de dois anos, casas que nunca ficam prontas e
pedido para construção de pontes que já existiam, além de denúncias de
direcionamento de contratos e pagamentos por serviços não executados.
Para a indústria das chuvas entrar em ação, o primeiro passo é decretar
emergência ou estado de calamidade, o que permite dispensa de licitação. Nos
últimos quatro anos, municípios de duas das 27 unidades da Federação — Santa
Catarina e Rio Grande do Sul — responderam por quase metade (45%) das
declarações em todo o país.
No Ministério da Integração, apenas seis funcionários cuidam da aprovação dos
decretos, sem verificar in loco os danos alegados nos relatórios.
— O prefeito decretou situação de emergência, a “porta da esperança” está
aberta para a licitude — admite o vice-prefeito de Barra Velha (SC), Claudemir
Matias Francisco, que assumiu o lugar do prefeito anterior, Samir Mattar,
afastado por suspeita de falsa comunicação de desastres para realização de
compras fraudulentas e desvio de verba pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário