O incêndio que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz ameaça o futuro
de um dos mais bem-sucedidos e estratégicos programas de pesquisa do Brasil.
Longe de ser apenas uma gelada e selvagem terra de pinguins, a Antártica ocupa
hoje lugar de destaque em discussões sobre o clima e as riquezas naturais do
mundo.
Antes colocado de lado nessas discussões, o Brasil ganhou voz no Tratado
Antártico por conta da estação e havia se firmado nos últimos anos na primeira
linha das pesquisas sobre a região. Especialistas estimam que os estudos na
estação ficarão suspensos por pelo menos um ano.
— Fazemos ciência de ponta na Antártica. São estudos com implicações
importantes sobre o clima no Brasil, recursos pesqueiros e biodiversidade — diz
a bióloga da UFRJ Lúcia Siqueira Campos, integrante do Comitê Nacional de
Pesquisas Antárticas, autora de dezenas de estudos sobre a Antártica.
Além da perda de equipamentos importantes e caros (um único aparelho perdido
está avaliado em US$ 120 mil) e de todos os dados coletados na temporada de
pesquisa de 2012 — que começou em dezembro e terminaria em março —, o incêndio
deixa sem base fixa todas as dezenas de grupos de estudo com trabalhos na
Antártica.
Até a definição de como será a reconstrução da estação, as pesquisas estão,
em sua maioria, paralisadas ou dependerão da colaboração de parceiros
estrangeiros.
— Perdemos a base de apoio da ciência do Brasil na Antártica, é uma
catástrofe para várias pesquisas — resume o diretor do Centro Polar e Climático
da UFRGS, Jefferson Simões, um dos veteranos do Programa Antártico. — Estimo que
de 35% a 40% dos trabalhos vão parar. Mas, é bom esclarecer, não todo o Programa
Antártico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário