Augusto Nunes
A aplicação da Lei da Ficha Limpa já nas eleições deste ano é uma notícia
animadora. Por decisão do Supremo Tribunal Federal, serão imediatamente varridos
para longe das urnas obscenidades como Joaquim Roriz e Severino Cavalcanti, que
renunciaram aos mandatos no Congresso para driblar a cassação inevitável.
E as listas de candidatos ficarão menos apavorantes com o sumiço de
candidatos que foram condenados por algum tribunal.
Desde ontem, o país ficou um pouco melhor. Mas
a Lei da Ficha Limpa é uma pedra no caminho insuficiente para obstruir a
passagem da multidão de casos de polícia, todos portadores de salvo-condutos
emitidos pelo eleitorado.
As restrições aprovadas pelo STF podem, por exemplo, livrar o Senado de um
Jader Barbalho, mas não impedirão que outros barbalhos apareçam em Brasília
cavalgando centenas de milhares de votos. É assim em qualquer Estado. É assim no
país inteiro.
“Não se deve esquecer que essa tal opinião pública é a mesma que elege os
chamados candidatos ficha-suja”, argumentou o ministro Gilmar Mendes, que
considera a lei inconstitucional. A frase não tem força suficiente para
sustentar a tese de Gilmar, mas é verdadeira.
A paisagem política só se tornará menos assustadora quando milhões de
eleitores pararem de votar contra o Brasil.
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