O Globo
A Lei da Ficha Limpa, validada pelo Supremo Tribunal Federal na quinta-feira,
poderá ter forte impacto sobre a política nacional, a começar pelos réus do
mensalão, o escândalo mais rumoroso do primeiro mandato do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Se os políticos do grupo forem condenados este ano, ainda que com penas
baixas, estarão proibidos de concorrer a cargos eletivos, no mínimo, até as
eleições de 2020. Pela lei, políticos condenados por órgãos colegiados, como o
STF, não podem disputar eleições por pelo menos oito anos.
Até a aprovação da Lei da Ficha Limpa em 2010, condenações em processos
criminais resultavam na inelegibilidade por apenas três anos. O ministro Joaquim
Barbosa, relator do mensalão, disse que o processo poderá ser julgado ainda no
primeiro semestre deste ano.
Entre os réus do processo que poderão ter as carreiras duramente atingidas
estão alguns dos principais líderes do PT como o ex-ministro José Dirceu, o
ex-deputado José Genoino e o deputado João Paulo Cunha. O ex-tesoureiro do
partido Delúbio Soares, que vinha se preparando para as eleições deste ano,
corre o risco de se ver obrigado a mudar os planos políticos antes mesmo do
próximo pleito.
O mesmo pode acontecer com o ex-deputado Roberto Jefferson, atual presidente
do PTB, Bispo Rodrigues, ex-PR, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) e o
prefeito de Uberaba, Anderson Adauto (PR), entre outros. José Dirceu e Roberto
Jefferson tiveram os mandatos cassados em 2005 e, desde então, perderam o
direito de concorrer a cargos eletivos até 2014. Com uma eventual condenação no
processo criminal em curso no STF, a punição poderia ser ampliada por um prazo
igual ou superior a oito anos.
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