ÉPOCA
Na Bahia, acarajé quente é sinônimo de bastante apimentado. Chamada de
“Graciosa” pela presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse na última
segunda-feira, a mineira radicada no Rio de Janeiro Maria das Graças Foster
assumiu a presidência da Petrobras diante de um cardápio de problemas que inclui
dois acarajés quentíssimos.
Eles foram deixados sobre sua mesa por seu antecessor direto, o petista José
Sergio Gabrielli, e referem-se a duas denúncias de desvio de recursos da empresa
para irrigar campanhas do PT na Bahia, terra natal de Gabrielli. E é justamente
lá onde o mais longevo presidente da Petrobras retomará a carreira política.
Após seis anos e sete meses no comando da maior empresa da América Latina,
Gabrielli fará parte do governo de Jaques Wagner (PT), onde pretende pavimentar
sua candidatura ao governo do Estado em 2014.
Não há elementos que envolvam diretamente Gabrielli com as duas denúncias
narradas a seguir. Mas os dois episódios ocorreram em sua gestão, e ele pouco ou
nada fez para saná-los.
O primeiro caso passa pela ONG Pangea – Centro de Estudos Socioambientais,
sediada em Salvador. De acordo com documentos da Controladoria-Geral da União
(CGU), a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, boa parte do dinheiro
repassado pela Petrobras à Pangea foi desviada.
A CGU suspeita de que parte desses recursos tenha ido parar no caixa dois de
campanha do PT na Bahia. Indo aos valores exatos: entre junho de 2004 e dezembro
de 2006, a Pangea recebeu R$ 7,7 milhões da Petrobras para dar assistência e
organizar catadores de lixo em dez municípios baianos.
Um pente-fino da CGU, órgão do governo encarregado de fiscalizar o uso de
verbas federais, concluiu que não há comprovação de gastos para mais de R$ 2,2
milhões.
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