domingo, 30 de março de 2014

O ATO E O FATO.


Brasilino Neto
E as autoridades? Simplesmente se omitem!

O professor Celso Ming, em matéria no “Estadão” de domingo, 29/3, me obriga a fazer esta pergunta e a insólita afirmação do título.

Porque digo isto, pois embasado em estudos “Mapa da Violência”, do sociólogo Júlio Waiselfisz, sabemos que do ano de 1996 até 2011 a morte de motociclistas no trânsito subiu 932% uma vez que somente em 2011 foram 14.600, o que representa 40 mortes por dia.

Ressalte-se que em 1998 rodavam pelas vias brasileiras 2,8 milhões de motocicletas e em 2011 18,4 milhões, o que equivale a mais de 25% dos veículos registrados no Denatran, o que impõe uma análise pronta e séria da questão envolvendo motocicletas.

Porém, mesmo com estes dados alarmantes não vemos nenhuma providência séria ser tomadas pelas autoridades (?), que simplesmente se omitem, ou melhor, se acovardam, posto que limitem as edições de medidas paliativas e sem resultados práticos algum.

O estudo conclui que grande parte dos acidentes é culpa dos motociclistas, tanto que Eduardo Vasconcelos, membro da Associação Nacional de Transportes Públicos, em estudos que realizou em 2013 afirmou que: “O nível de desrespeito às regras de trânsito por parte dos condutores de moto é muito alto, especialmente no tocante à velocidade máxima permitida e à condução temerária”.

Esta situação de graves ocorrências com motocicletas pode ser até mesmo considerada de ‘calamidade pública’, eis que somente em 2012 os custos das internações hospitalares suportados pelo SUS foram de R$ 102 milhões, sem contar os dispêndios dos resgates, das dificuldades que a situação impõe ao trânsito no local, do atendimento policial e dos agentes de trânsito.

E mais, desta situação decorrem os processos judiciais, os pagamentos de pensões, de auxílios previdenciários, mas, sobretudo com perdas de vidas humanas, com as consequências emocionais que elas impõem aos familiares do acidentado, eis que na maioria das vezes são dramáticas e traumáticas.

O estudo estabelece ainda uma comparação que dá bem a dimensão da omissão, do descuido, da negligência das autoridades que deveriam enfrentar a situação, quando assenta que em 2013 ocorreram 573 mortes por dengue no Brasil e as autoridades da área fizeram uma mobilização de guerra para se evitar uma epidemia, enquanto que no trânsito, somente por motocicletas morreram 14.600 pessoas e nada é feito. Por que este descalabro, esse desencontro de ações de uns e omissão de outro ? 

Outro dado que deve ser ressaltado, também da matéria, é que somente no ano de 2011 o custo de acidentes de trânsito com motos nas cidades brasileiras chegou a R$ 10,6 bilhões.

Não é o caso de se formar agentes de trânsito que tenham a finalidade de fiscalizar motocicletas ? especialmente quanto a velocidades e modos de condução ? e alocá-los nas cidades proporcionalmente aos registros de motocicletas que apresentarem ? É uma ideia, uma sugestão!

Fazemos aqui votos e desejos de que esta situação chegue aos ouvidos e, especialmente toquem à consciência daqueles que podem e devem agir para evitar tantos dispêndios financeiros, mas especialmente de modo que ao menos reduzam este estado calamitoso de agravos emocionais, de sofrimentos e mortes que dela decorrem.

Eis novamente a pergunta: “Temos alguma autoridade que queira e possa enfrentar esta grave situação”?

Um comentário:

Paulo L. disse...

É Brasilino, como você bem diz, tem alguém com competência e vontade para enfrentar esse morticínio ? Num pais de picaretas, omissos e descuidados como são nossos políticos, possivelmente não.