sábado, 27 de julho de 2013

Dia da Amizade


Brasilino Neto

Peço que me deixem de falar de política, de desgovernos, de televisão, de más ocorrências e trazer um texto sobre o “Dia da Amizade”, comemorado no dia 20 de julho, que enfoca a necessidade da presença do Amigo quando a Solidão nos alcança, assim:


Dia da Amizade

(Solidão)


Disse-me ele ...

“Como diz o ditado, não coloquei o nariz para fora de casa hoje.

Fiquei andando de um lado para o outro, lendo, deitado um pouco no chão, no sofá, na rede, num senta e levanta constante, parecendo, como dizem os antigos, que estava com bicho carpinteiro no corpo.

Ah, uma coisa li muito, mas absorvi pouco.

A razão é muito simples (mas complexa), pois estava ausente de mim mesmo.

E por que isto se deu, ou melhor, está dando? Não sei! 

Solidão? Talvez!

Mas como falar em solidão se estava rodeado de pessoas a quem amo e gosto, que me são agradáveis companhias?

É, refletiu ele, mas mesmo assim a solidão por vezes aplaca, pois como se sabe ela não se dá de fora para dentro, mas ao contrário, de dentro para fora, do peito, do coração ou do fundo da alma (falo dos três, pois não sei bem onde ela se localiza).

Nada ouço em minha volta! Nada consigo ver! Mesmo querendo ver e ouvir!

Nesta solidão tudo me é silêncio!

Tenho comigo vagos pensamentos, mas também o inquietante silêncio de minha solidão.

(você consegue imaginar que até o silêncio possa incomodar?)

Mas tudo há de passar, como muito já se passou. 

Tanto quanto já se passaram a tristeza, o desencanto e os desencontros que a vida reserva a cada um nesta caminhada.

Vou aquietar-me e viver a dor e a solidão que só a mim cabe sofrer, e está a mim hoje reservada, até que volte a me reconhecer e me encontrar.”

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Penso que posso assim, nestes versos, retratar o que seja solidão, que ele hoje vive.
  
Solidão ...


 ... seus passos eram apressados.


... o seu olhar era vago! 

trazia a tristeza no rosto ...

Via-se que seu caminhar era na direção do nada,

E que tinha como finalidade o 'não encontrar alguém'.
 
    (solidão é não se reconhecer, é estar ausente de si mesmo)


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Após observar que o ouvi cuidadosa e atentamente completou: “Amigo, vou me recolher, atento aos vagos pensamentos que me alcançam, e ao inquietante silêncio de minha solidão, mas vou com o coração um pouco mais aliviado, e com a certeza, pela atenção que você me deu, de que em breve estarei como sempre estive alegre e feliz, e transmitindo a todos estes sentimentos.

3 comentários:

PL disse...

Dr Brasa belissimo texto. Fiquei emocionado. Sinto-me muito feliz em ter você como amigo. Você retratou o que realmente o ser humano por vezes sente. abraços

Anônimo disse...

Brasilino, um bonito trabalho. Parabéns. A solidão é mesmo dilacerante.

Eliana disse...

Doutor você bem que poderia ensinar um colunista aqui de Caçapava, que somente escreve coisas rancorosas, como se pode viver em paz e com o coração cheio de alegria, como o você faz em suas colunas semanais. beijos