quinta-feira, 14 de março de 2024

Usar o Theatro Municipal para homenagear Michelle é sacrilégio



A conversão do Theatro Municipal de São Paulo em palco de uma encenação bolsonarista estrelada por Michelle Bolsonaro é um sacrilégio. A ideia de profanar o espaço com uma pajelança de entrega do título de cidadã honorária da cidade à personagem é ilógica, antieconômica e ultrajante.

Ofende a lógica porque não há vestígio de nenhuma realização notável da forasteira Michelle em benefício de São Paulo. Nada que justifique a honraria proposta pelo vereador Rinaldi Digilio e aprovada pela maioria do legislativo municipal.

O evento atenta contra a economicidade porque suja e submete as instalações do Theatro Municipal ao desgaste decorrente do uso sem nenhuma contrapartida. Embora disponha do cenário da Câmara Municipal, local apropriado para a celebração política, o bolsonarismo usará um um espaço que não sai por menos de R$ 150 mil por noite.

O ritual é ultrajante porque Michelle exibirá seu figurino religioso em cima de um palco por onde já desfilou o talento de gente como Villa-Lobos, Isadora Duncan, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Anita Malfatti.

O sacrilégio se agiganta quando o prefeito Ricardo Nunes terceiriza a responsabilidade pela cessão do teatro à Secretaria de Cultura da prefeitura. Bolsonaro, em sua união com o atraso e o mau gosto, revelou-se nos seus quatro anos de Presidência um inimigo da arte e da cultura.

O vereador que propôs a homenagem a Michelle justificou o gesto alegando que a mulher de Bolsonaro é uma boa "cristã evangélica". Deveria, então, optar por uma igreja, deixando em paz o Theatro Municipal.

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