A paga da praga
O PT está com medo de que o julgamento do mensalão, se ocorrer mesmo em 2012,
prejudique o desempenho do partido nas eleições municipais e, por extensão,
atinja os candidatos nas eleições de 2014 para presidente, governadores,
senadores e deputados.
Não é um temor infundado, embora seja totalmente injustificado.
Certamente não poderá haver melhor cenário para a oposição. Ao longo de
semanas e até durante um mês ou mais, o Supremo Tribunal vai revisitar episódios
que por pouco não fizeram o então presidente Lula renunciar à reeleição e
resultaram na denúncia do Ministério Público contra a "organização criminosa"
montada pela cúpula do PT em conluio com o lobista Marcos Valério de Souza.
Não vai ser agradável a olhos e ouvidos petistas ver e ouvir de novo o
desfile de acusações por corrupção (ativa e passiva), peculato, lavagem de
dinheiro, evasão de divisas, entre outros.
Para o PT sem dúvida por ser eleitoralmente mortal. Ou não.
Levando-se em conta a letargia que motivou o correspondente do El País no
Brasil, Juan Arias, a escrever artigo perguntando sobre as razões pelas quais o
brasileiro marcha em prol da liberdade dos costumes, mas não se abala em sair de
casa para protestar contra a corrupção, tudo é possível.
Mas o mais provável é que ocorra o que o secretário de comunicação do PT,
André Vargas, considera um risco extremo. Diz ele, achando "muito estranha essa
coincidência" de datas : "O julgamento às vésperas da eleição dará a entender ao
eleitor que o PT está sendo julgado".
Óbvio que estará. Poderia até não estar se tivesse havido rigor na punição
àqueles que levaram o partido ao crime.
Aceitando José Dirceu na Executiva do partido, reincorporando Delúbio Soares
e absolvendo os demais mensaleiros, o PT aceitou pagar para ver o preço. Não
pode agora se fazer de desavisado. É enfrentar o rojão e assumir a paga da praga
que o partido se auto-rogou.
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