O Brasil não tem fabricantes nacionais de carros como a Coreia do Sul, não
domina a indústria eletrônica como o Japão, perde para os indianos nos softwares
e até a China, que há até pouco tempo era famosa por suas bugigangas, avança
fortemente na criação de marcas globais. O Brasil tem a Embraer. Quando alguém
quer dizer que o país não vive só da venda de produtos básicos ao exterior -
como o petróleo da Petrobras ou o minério de ferro da Vale -, lembra que o
Brasil também vende aviões. E lembra da Embraer, a terceira maior fabricante
mundial de aeronaves comerciais.
Mas a fonte de exportações, inovação e orgulho para o país trava uma luta
silenciosa para se reinventar. A fabricação de aviões no mundo passa por uma
grande transformação, motivada pela temática ecológica, pelo alto preço do
combustível e pela expectativa de vendas globais de 12 mil aviões na próxima
década, um negócio avaliado em US$ 1,3 trilhão. E a Embraer ainda não sabe como
vai ganhar espaço nesse cenário.
Para muitos analistas, fornecedores e empregados, a empresa está em uma
encruzilhada: vê concorrentes com produtos que prometem ser inovadores - como a
canadense Bombardier - e chineses, japoneses e russos entrando no mercado onde
lidera, de aviões de cem passageiros. Uma saída seria fabricar aviões maiores e
entrar na briga direta com Boeing e Airbus, gigantes que, cada uma, faturam dez
vezes mais que a brasileira. E, para completar, a empresa vive uma disputa maior
por cérebros e problemas com fornecedores.
Há novas frentes se abrindo, como a
fabricação de um cargueiro militar para enfrentar o hegemônico Hércules e novas
atuações em defesa e segurança.
- Os desafios hoje são maiores. Temos forças contrárias mais poderosas. É
mais difícil manter uma empresa faturando US$ 6 bilhões por ano que manter uma
empresa faturando US$ 3 bilhões - afirma o presidente da empresa, Frederico
Curado.
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