
Impossível que Sérgio Cabral Filho nesta altura da vida desconheça o que é
correto e o que é incorreto, conveniente ou inconveniente na conduta de um
detentor de delegação popular para chefiar um governo.
Tanto sabia que sua ida à festa de aniversário de empresário fornecedor do
governo em avião cedido por outro, dono de negócios para os quais as relações
com o poder são imprescindíveis, em casa de ex-doleiro enrolado com a Justiça,
não era ato aceitável, que sua assessoria no primeiro momento da queda do
helicóptero que transportava parte dos convidados, negou que o governador já
estivesse em Porto Seguro.
Soa até ofensivo ao discernimento geral que o governador venha a público em
meio às inevitáveis críticas ao seu comportamento para propor a criação de um
código de conduta ética para governantes.
Se o propósito era mostrar arrependimento, melhor teria sido apenas
apresentar suas desculpas, assumir o erro e mostrar-se disposto a assumir as
consequências, caso o Ministério Público resolva tomar alguma providência.
"Adoro direito comparado", disse ele ao se propor a fazer uma pesquisa sobre
"o que existe em outros Estados e no mundo" a respeito de ética pública, a fim
de elaborar o tal código e a partir daí, então, seguir as regras.
É a maneira mais fácil de sair de uma sinuca: não havendo resposta
convincente, muda-se de assunto dando a entender que se toma uma iniciativa
moralizante.
Quando o escândalo é político, se propõe uma reforma política. Quando tem a
ver com distorção de princípios, sugere-se um novo compêndio ético.
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