terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

João Santana precisa de um bom marqueteiro


Mestre no ofício de esculpir imagens alheias, João Santana revela-se um marqueteiro relapso, muito relaxado na administração de sua reputação. É como se desejasse ajudar a força-tarefa da Lava Jato a demonstrar que não há gênio que não tenha, de vez em quando, a nostalgia da desinteligência.

João Santana revive a aventura brasileira de diante para trás. Da fantasia para a realidade. Parte da fábula —o Brasil fantástico que ele criou nas propagandas eleitorais do PT— e chega à cleptocracia, um país cujo sistema político mantém diuturnamente a honestidade com a cabeça a prêmio.

A odisseia às avessas de João Santana é um retorno pela trilha pioneira. O desbravador volta para inspecionar a Pasárgada das propagandas de campanha e rever os seus conceitos. Horroriza-se ao constatar que nem a amizade com a rainha o livrou das garras da lei. O filme que protagoniza é um relato de sua decepção.

Nos videoclipes de campanha, João Santana exaltava o resgate do orgulho nacional. Ensinava que o brasileiro perdera a mania de depreciar o próprio país. Na sua jornada de volta à realidade, o mago do marketing reencarnou o que Nelson Rodrigues chamava de alma do cachorro vira-lata.

Da República Dominicana, onde se encontrava para cuidar da campanha à reeleição do presidente Danilo Medina, João Santana pôs-se a maldizer a pátria. Em carta endereçada ao partido que o contratara retratou o Brasil como uma República de Bananas, sujeita a inquéritos precários e violações ultrajantes.

“Conhecendo o clima de perseguição que se vive hoje em dia no meu país, não posso dizer que me pegou completamente de surpresa, mas ainda assim é difícil de acreditar”, escreveu João Santana sobre o despacho em que o juiz Sérgio Moro ordenara sua prisão temporária.

Na propaganda eleitoral, João Santana esgrimia a tese segundo a qual a lama escorria pelos desvãos da República porque Lula e Dilma haviam soltado as rédeas da Polícia Federal e da Procuradoria. Na sua jornada pelas terras estranhas do Brasil real, o marqueteiro se deu conta de que foi engolfado pelo lodo.

Subitamente, João Santana passou a enxergar ineficiência nas corporações que exaltava. Retorna ao Brasil, agora sem conta de fadas, para se “defender das acusações infundadas.'' Contra a mentira difundida pela força-tarefa de Curitiba, vai “imprimir a verdade dos fatos.” Tudo o que deseja é “esclarecer qualquer especulação.”

Alguma coisa subiu à cabeça de João Santana no instante em que foi abalroado pela realidade. A serviço do PT, tirava coelhos da cartola. Como gestor do próprio drama, tenta tirar cartolas de dentro do coelho. Alega que o dinheiro que caiu ilegalmente em suas contas no exterior refere-se a campanhas que realizou fora do Brasil.

O único ponto em comum que sobrevive entre a fábula e a realidade é a criatividade. Já não há fronteiras a desbravar. Mas o ímpeto continua. A diferença é que o fabulador já percebeu que não mora do país da sua propaganda. Faltando-lhe melhores argumentos, nada mais resta a João Santana senão rodar em círculos no xadrez até ser consumido pela revelação de que, além de advogados, precisa contratar um bom marqueteiro.

Um comentário:

AHT disse...

Duda Mendonça deve estar dando gargalhadas, curtindo o bem bom da vida e pra todos os efeitos, com a "ficha limpa". Esse também participou da farsa que elevou ao trono em Brasília esse bando que agora nos atormenta, além de tantos outros políticos e partidos "não recomendáveis". Mas, não podemos deixar de "homenageá-lo": é o Duda "Malasartes" Mendonça.

João Santana, ficou com cara e jeito pior que "joão" depois de driblado n vezes pelo saudoso e inigualável Garrincha: catatônico e com cara de babaca. Pagará preço alto, talvez uns tempos preso, mas será libertado e poderá desfrutar de milhões e milhões de reais.

Então... babacas somos todos nós brasileiros, que não sabemos votar e nem temos coragem e disposição para manifestar e causar Mudanças tão desejáveis à Nação!

13 de Março, todos nas ruas e praças e mostrando aos Três Poderes que não somos idiotas, e que exigimos Respeito, Educação, Saúde, Segurança, Emprego e, acima de tudo, Democracia e Estado de Direito!