A cada dia aumentam as notícias desabonadoras sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja imagem pública hoje é apenas uma pálida lembrança de quem se tornou um dos líderes mais conhecidos e importantes da História contemporânea, cuja carreira despertava interesse internacional e inspirava esperanças de uma renovação política em prol de uma maior justiça social. Cinco anos após deixar o poder, hoje Lula é um líder acuado, que não pode sair às ruas nem ser entrevistado por jornalistas independentes. Suas raras aparições públicas são planejadas para que a imprensa faça cobertura à distância, apenas transcrevendo seus discursos. Nenhum repórter tem autorização para ficar frente à frente com ele.
A derrocada de Lula afeta não só o Brasil, mas também muitos outros países, onde estavam surgindo lideranças populares que se inspiravam nele, que parecia ser uma espécie de Rei Midas político. Agora, pelo contrário, tudo o que Lula toca vira lama, ganhar o apoio dele poderá ser fatal para qualquer candidato.
DESCENDO A LADEIRA
Sua sucessora Dilma Rousseff está descendo a ladeira, em termos de popularidade. A pesquisa do Instituto Ipsos, pouco conhecido no Brasil, mas que atua em 87 países, mostra que 60% dos entrevistados se dizem favoráveis ao impeachment da presidente, apenas 22% são contrários e 18% estão indecisos. Para 79% dos entrevistados. sua gestão é considerada ruim ou péssima, 15% a classificaram como regular e apenas 5% como ótima ou boa.
E o pior: para 92% dos entrevistados, o Brasil está no rumo errado.
LULA FOI UM FARSANTE
Como todos sabem, Lula foi uma invencionice do general Golbery do Coutto e Silva para evitar que Leonel Brizola chegasse ao poder. Quem o conheceu sabe que Golbery era um mestre nos bastidores da política, o cineasta Glauber Rocha o chamou de “o gênio da raça” e quase foi crucificado por essa frase de efeito.
Lula foi um filhote da ditadura, que fez até curso na Johns Hopkins University, em Baltimore, assistido por um tradutor. O general Golbery jamais imaginou que sua cria chegasse ao poder, mas a vida é muito mais imaginosa do que a ficção.
Não há a menor novidade sobre o caráter de Lula, sua trajetória já foi dissecada em três livros arrasadores, escritos por Ivo Patarra, José Nêumane Pinto e Romeu Tuma Jr. Há também as declarações dos criadores do PT que se afastaram dele. É tudo público e notório.
Até mesmo a prisão de Lula na ditadura foi uma farsa, conforme mostra a célebre foto do camburão, com Lula fumando um cigarro e interpretando o papel de “Barba”. O então agente federal Romeu Tuma Jr. estava lá e não deixa ninguém mentir, porque também aparece em outra fotografia do ato da prisão. Ele tinha intimidade com Lula, que costumava dormir no sofá da casa do temido Romeu Tuma pai.
ENGANOU TODO MUNDO
O fato é que Lula enganou todo mundo, até mesmo Golbery. Criou o PT, viu que poderia substituir Brizola na disputa pelo poder, candidatou-se três vezes, até que saiu vitorioso na quarta tentativa, derrotando um candidato fraco e sem carisma, o tucano José Serra.
O resto é mais que sabido. Isolou os intelectuais do PT e livrou-se deles, dilatou e sindicalizou a máquina administrativa, usou as estatais como fonte inesgotável de recursos pessoais e eleitorais, ampliou ao máximo os programas sociais, sem fiscalizá-los, e criou projetos educacionais eleitoreiros, como o Pronatec, com seus supostos cursos técnicos, e o Prouni (Universidade para Todos), que fez a festa das faculdades particulares, com as bolsas totais e parciais custeadas pelo MEC para estudantes sem a menor condição de ingressar no ensino superior.
Essa farra custou muitos recursos públicos, elegeu e reelegeu uma candidata mambembe e patética como Dilma Rousseff, e o resultado está aí – vamos ter três ou quatro anos de recessão, na hipótese otimista, ou de dez a vinte anos de recessão, na versão pessimista.
FALTAM LIDERANÇAS
O pior é que a Era Lula provocou uma preocupante escassez de novas lideranças. Não há um só pré-candidato que possa ser confiável, a política brasileira está nivelada por baixo, nenhum partido tem um líder de fato, estamos num deserto de homens e ideias, como dizia o ministro Oswaldo Aranha, que teria sido um grande presidente, se tivesse se candidatado no lugar do general Eurico Dutra, uma versão mais antiga da vaca fardada que o general Mourão Filho imortalizou.
Os militares impediram Brizola de chegar ao poder, mas esqueceram de que era fundamental que existisse algum outro líder no país, não importa se representasse a direita ou a esquerda. Bastava que fosse decente, preparado e nacionalista, porque as ideologias já morreram há décadas, mas ainda há quem insista em tentar revivê-las. E vida que segue, como dizia nosso amigo João Saldanha, que hoje estaria decepcionadíssimo com a política nacional.
Por Carlos Newton
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