terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Notas oficiais do Instituto Lula desnudaram Lula



Há uma originalidade perversa nas notas oficiais do Instituto Lula. Elas transformam Lula numa caricatura burlesca do velho mito. É como se os textos tivessem a missão inconsciente de desnudar Lula. Desvendam a promiscuidade imobiliária do personagem confessando-a em conta-gotas.

As notas do Instituto Lula travam uma relação instável com a verdade. Tratam o noticiário como ficção urdida para difamar o grande líder. Escoram seus desmentidos em meias verdades, realçando exatamente a metade que é mentira. A absoluta verdade, só em caso de última necessidade.

Nas notas do Instituto Lula, a verdade não só é muito mais incrível do que a ficção como é muito mais difícil de inventar. Tamanho é o desejo de criar uma verdade particular para Lula, que os textos mentem mal. Ao tentar remendar a situação, deixam as mais espantosas pistas.

Na primeira versão, Lula não era dono do triplex do Guarujá. Sua mulher Marisa adquirira apenas uma cota-parte da Bancoop. E o advogado da família não tinha a mais remota ideia de que uma empreiteira enrolada na Lava Jato reformara o apartamento que o Ministério Público suspeita pertencer ao clã dos Silva.

Na penúltima versão, as meias verdades anteriores aproximaram-se dos fatos narrados pelas testemunhas inquiridas pelo Ministério Público. Súbito, a cota-parte de Marisa transformou-se no apartamento 141, uma unidade padrão do prédio do Guarujá. Que ela comprara da Bancoop na planta, em 2005.

A mulher de Lula pagara as prestações do imóvel até 2009. Nesse ano, a cooperativa foi à breca. E a OAS assumiu a obra. Sustenta-se que Marisa não quis aderir ao novo contrato com a empreiteira. Ainda assim, preservou o direito de requerer seu dinheiro de volta a qualquer tempo.

Nesse novo enredo, o célebre triplex foi visitado por Lula e Marisa. Ciceroneou-os ninguém menos que Léo Pinheiro, o dono da OAS. O casal avaliou que, como estava, o imóvel não interessava. A empreiteira investiu quase R$ 1 milhão para adaptar o triplex. Instalou-se até elevador privativo.

Admitiu-se que Marisa e o filho Fábio Luís, o Lulinha, visitaram o triplex durante as obras. Sonegou-se o número de vezes. O Instituto Lula absteve-se também de esclarecer se as obras foram realizadas por encomenda dos Silva. Informou-se apenas que a família desistiu de comprar o triplex, mesmo reformado.

Por quê? Lula e Marisa abespinharam-se com o noticiário infundado, apinhado de boatos e ilações. Em novembro de 2015, solicitaram a devolução do dinheiro investido, com desconto de 10%, nas mesmas condições dos outros cooperados que não aderiram ao contrato com a OAS.

Mesmas condições? Lorota. A nenhum outro cliente foi concedida a prerrogativa de esperar seis anos para pedir a devolução da grana. Os outros tiveram de fazer a opção em 2009. Curiosamente, o distrato que teria sido assinado por Marisa em 2015 consta de um documento de 2009. Coisa da Bancoop. Resta saber como uma cooperativa quebrada ressarcirá a família Silva.

Nenhum outro casal visitou o edifício na companhia do empreiteiro Léo Pinheiro. A OAS não mandou remodelar nenhuma unidade além do triplex 164-A. Empreteiro que derrama quase R$ 1 milhão numa reforma sem exigir o compromisso de compra do imóvel é coisa jamais vista na história desse país.

A pretexto de desmentir as relações promíscuas de Lula com a OAS, a entidade de Lula terminou reforçando-as. Nesse tipo de ligação, a alma do negócio é o segredo. O ziguezague das notas do Instituto Lula avilta a alma do negócio. Especialistas no ramo, como Paulo Maluf, têm a manha da coisa. Lula não. Maluf jamais modifica versões.

Ao fornecer suas verdades em suaves prestações, o Instituto Lula rompe a normalidade de um modelo de transgressões secular. Em menos de duas semanas, Lula foi metido em narrativas imobiliárias que o acomodaram num apartamento à beira mar, ao lado de um empreiteiro tisnado pela corrupção, e o transformaram em visitante contumaz de um sitio em Atibaia reformado por uma construtora cujos executivos suam o dedo na Lava Jato.

Sempre tão loquaz, Lula deveria convocar uma entrevista para assumir sua própria defesa. Só um suicida terceirizaria a tarefa ao didatismo revolucionário dos redatores do Instituto Lula.

Um comentário:

Taiada, O Caçoador disse...

Momentos Nóia, apresenta:
As Sábias Reflexões Caóticas De Dom Luiz LI, O Honorável MSTP
(vide nota)

Eu tenho um triplex que não tenho mais.
Eu não tenho mais um tríplex que tenho.
Logo comigo, que até já declarou isso?
“A desgraça da mentira é que você passa
a vida inteira contando mentira para
justificar a primeira que você contou.”

Não! Não fui eu quem declarou isso.
Foi a minha mãe!
Não tenho, tenho, não tenho.
Tenho, não tenho, tenho.
Tangolomango tango
Tenho, não tenho, tenho!
Tenho!
Me liguei de novo, companheiros!
Que dê tangolomango no Juiz,
Antes que ele decida sobre o meu triplex!
Triplex, plex, lex
Companheiros, é Dura lex sed lex
Que eles querem pra mim?
Ora bolas!
Nóis paga, e alguém amolece a dura lex!

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Nota: MSTP (Manda-chuva Sem Teto Próprio)