O clima ficou tenso no desfile da Unidos do Peruche na noite deste sábado, 6, no sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Revoltada com o veto ao seu tapa-sexo em protesto à presidente Dilma Rousseff, Ju Isen tirou a comportada fantasia indicada pela agremiação em pleno desfile, surpreendendo muita gente. Instantes depois, rapidamente a tiraram da Avenida.
"Fui agredida e estou cheia de sangue na perna! Vou processar! Fui agredida pelo pessoal da escola! Me jogaram no chão e estou toda machucada! Como jogam uma pessoa assim no chão? Tem que ter respeito ao próximo! Bateram em mim! Me jogaram no asfalto", gritou Ju Isen, totalmente transtornada, ao ser abordada pelo EGO.
"Mas isso não vai me abalar! No ano que vem vou voltar como rainha de bateria! Mas na Unidos do Peruche nunca mais", completou Ju. Logo em seguida, ela pegou um táxi e foi embora para o hotel em que está hospedada.
Ulisses Ozzetti, da coordenação da Liga das Escolas de Samba de São Paulo, explicou aoEGO que não pode ter nudez nos desfiles porque é atentado ao pudor. "O protocolo determina que a escola deve retirar a pessoa do desfile para não ser punida", explicou ele.
O presidente da Unidos do Peruche, Nei de Moraes, se posicionou sobre a agressão. "Pra mim é novidade saber que ela foi agredida. Vou analisar primeiro o que aconteceu, foi algo isolado de alguém que foi convidado por nós. Escola tem respeito com componente e componente tem que respeitar. Tomara que não tenha prejudicado a escola", disse o dirigente.
"Não vi a atitude que ela teve, mas se ela tomou atitude dessas é inadmissível. Todas as passistas assinam que não vão prejudicar a escola. Ela com certeza assinou! Vamos analisar e pode ser que a escola a processe sim", explicou.
Procurada pelo EGO, Ju Isen ironizou a ameaça de processo feita pelo presidente da Unidos do Peruche: "Que engraçado, eu também penso em processá-los por agressão! Ele vai me processar pelo quê? Carnaval é nudez, sensualidade. Enfim, se vai me processar, também vou processar! Cadê os Direitos Humanos? Os direitos da mulher? Lei Maria da Penha já! Fui agredida e tenho provas! Estamos num país democrático e só queria protestar".
Entenda a confusão
A loira, que ficou conhecida em todo o país ao ficar seminua nas manifestações políticas que aconteceram em São Paulo em 2015, não pode usar o polêmico tapa-sexo em protesto à presidente Dilma Rousseff. A escola de samba Unidos do Peruche não quis fazer apologia ao impeachment e obrigou a musa a usar uma fantasia mais comportada.
Segundo a agremiação, Ju tinha que usar uma roupa com ligação com o enredo do desfile: os 100 anos do samba. O tapa-sexo havia sido uma sugestão dela. "Não sei porque proibiram, mas estou muito chateada", lamentou ela na concentração do desfile da Unidos do Peruche. "Estou me sentindo injustiçada. Quero o impeachment e o povo quer o impeachment", clamou.
Revoltada, Ju Isen ainda ameaçou entrar na Avenida com o tapa-sexo na mão. "Quero fazer meu protesto de qualquer jeito", pediu ela, sem sucesso. Instantes depois tiraram o adereço da loira. "Puxaram da minha mão com tudo! Roubaram de mim! Achei péssimo, mas estou aqui", reclamou.
O regulamento da Liga das Escolas de Samba de São Paulo não proíbe manifestações políticas nos desfiles. Mas, segundo a entidade, se alguém reclamar de algo apresentado, uma ata será aberta e a plenária da Liga, composta pelos presidentes das escolas, irão avaliar a situação e determinar ou não a punição.
Antes do desfile, quando ainda estava se arrumando, Ju Isen contou porque queria usar o tapa-sexo. "Vim parar na mídia protestando e continuarei assim. Eu que escolhi essa fantasia com a intenção de manifestar. Vai ser meu momento. Vim dar meu recado e de milhões de brasileiros: fora Dilma", disse ela.
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